ATA DA OCTOGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 27-10-2004.
Aos vinte e sete dias do mês de outubro de dois mil
e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Beto Moesch,
Cláudio Sebenelo, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, João Antonio Dib,
João Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila e Reginaldo Pujol. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Cassiá Carpes, Dr. Goulart,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, Maria Celeste, Maristela
Maffei, Pedro Américo Leal, Professor Garcia, Raul Carrion, Sebastião Melo e
Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos das Atas da
Septuagésima Oitava, Septuagésima Nona, Octogésima e Octogésima Primeira
Sessões Ordinárias e das Atas Declaratórias da Septuagésima Sétima e Octogésima
Segunda Sessões Ordinárias, que foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados:
pelo Vereador Beto Moesch, os Pedidos de Providências nos 2001, 2002
e 2003/04 (Processos nos 5046, 5047 e 5048/04, respectivamente);
pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos
2013, 2014 e 2015/04 (Processos nos 5094, 5095 e 5096/04,
respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 161650,
161727, 161792, 162198, 162283 e 163410/04, da Senhora Márcia Aparecida do
Amaral, respondendo pela Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde; 255918 e 256247/04, do Senhor Arionaldo Bonfim Rosendo,
Diretor Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, o
Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Luiz
Fernando Rigotti, Vice-Presidente da Associação dos Técnicos de Porto Alegre –
ASTEC, que discorreu acerca do transcurso, amanhã, do Dia do Funcionário
Público, ressaltando a realização de ato público no Paço Municipal, em prol da
qualidade do serviço público, e enumerando as reivindicações dos municipários
que não foram acolhidas pelo Executivo. Nesse sentido, criticou as políticas
adotadas em Porto Alegre nos últimos anos em relação ao funcionalismo,
propugnando por mudanças no tratamento dispensado aos servidores públicos. Na
ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores João Antonio Dib,
Sofia Cavedon e Luiz Braz manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a
Tribuna Popular. Às quatorze horas e quarenta e quatro minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e
sete minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foram apregoadas as
Emendas de nº 18, de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo, e de nos
19 e 20, de autoria do Vereador João Antonio Dib, ao Projeto de Lei do
Executivo nº 047/04 (Processo nº 4837/04). Também, foram apregoados os
Memorandos nos 436 e 438/04, firmados pelo Vereador Elói Guimarães,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, em exercício, por meio dos
quais Sua Excelência informa as Representações Externas deste Legislativo,
respectivamente, da Vereadora Maristela Maffei, na inauguração da Cozinha
Comunitária da Unidade de Triagem e Compostagem do Bairro Lomba do Pinheiro, às
doze horas e trinta minutos do dia vinte e oito de outubro do corrente, e do
Vereador Beto Moesch, no III Fórum Marcas com Design, nos dias vinte e seis e
vinte e sete de outubro do corrente, no Auditório do SENAI Artes Gráficas. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Carlos Nedel manifestou sua contrariedade
com a notícia de que obras realizadas pela Prefeitura Municipal no Bairro Belém
Velho invadiram uma área de propriedade da Pequena Casa da Criança, criticando
a falta de planejamento técnico para essa construção. Ainda, afirmou que o
Governo Municipal tem acelerado várias obras públicas, com o intuito, segundo
Sua Excelência, de obter vantagem política nas eleições para Prefeito. Em PAUTA
ESPECIAL, Discussão Preliminar, esteve, em 5ª Sessão, o Projeto de Lei do
Executivo n° 047/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Adeli Sell,
João Carlos Nedel, Cláudio Sebenelo, Luiz Braz e Reginaldo Pujol. Na ocasião, o
Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Geraldo Stédile, Presidente do
Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, convidando-o a integrar a Mesa
dos trabalhos e concedendo a palavra a Sua Senhoria que convidou a todos para o
lançamento do livro “Depoimentos de Cidadãos Honorários de Porto Alegre –
Volume II”, no dia primeiro de novembro do corrente, às dezenove horas, no
Memorial do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino
Besson lamentou o assassinato de uma menina de três anos na Zona Sul,
considerando a atitude do criminoso um ato bestial e discutindo as penalidades
para esse tipo de crime. Também, reafirmou o seu apoio à realização do Fórum
Social Mundial em dois mil e cinco, em Porto Alegre, desaprovando a destinação
de verbas públicas ao evento e comentando a posição do Presidente da República
em relação ao Fórum Social Mundial. O Vereador Reginaldo Pujol aludiu ao artigo
publicado pelo jornalista Armando Burd no jornal Correio do Povo de hoje,
acerca do uso da Tribuna desta Casa em desacordo com a Lei Eleitoral. Ainda,
referiu-se à publicação legal no jornal Zero Hora, anunciando a abertura de
licitação pública para pavimentação de ruas no Município, questionando essa
atitude, em razão da proximidade das eleições para o segundo turno para
Prefeito de Porto Alegre. O Vereador Luiz Braz manifestou-se favoravelmente à
proibição da Justiça Eleitoral, de inauguração de obras públicas às vésperas do
processo eleitoral, alegando que essa determinação serve como forma de evitar o
favorecimento de governantes candidatos à reeleição. Também, protestou contra a
participação de Ministros de Estado na campanha política do candidato Raul Pont
ao Governo de Porto Alegre, declarando que esse fato deveria merecer atenção do
Tribunal Regional Eleitoral. O Vereador Sebastião Melo contestou a
razoabilidade da inauguração de obras públicas municipais não-concluídas,
afirmando que esses atos, às vésperas da eleição para Prefeito em Porto Alegre,
têm finalidades eleitorais e usam recursos públicos desnecessariamente. Nesse
sentido, discutiu a aplicação da ética política no gerenciamento da Cidade,
salientando que o Poder Público é permanente, ao passo que os Governos são
transitórios. O Vereador Guilherme Barbosa reportou-se ao segundo turno das
eleições municipais, a ocorrer no dia trinta e um de outubro do corrente,
replicando críticas feitas hoje ao Partido dos Trabalhadores, por Vereadores
deste Legislativo. Sobre o assunto, defendeu o trabalho realizado pelo PT na
direção da Cidade, em especial no referente ao sistema público de saúde e ao
Programa de Orçamento Participativo vigente em Porto Alegre. Na oportunidade,
por solicitação do Vereador Guilherme Barbosa, foi realizada a verificação de
quórum, constatando-se a existência do mesmo. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram, em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 142,
180 e 181/04, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 015/04; em 3ª
Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 046/04, discutido pelo Vereador
Reginaldo Pujol, os Projetos de Lei do Legislativo nos 199 e 202/04
e o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 004/04, discutido pelos
Vereadores Cláudio Sebenelo e Reginaldo Pujol. Também, o Vereador João Antonio
Dib manifestou-se durante o período de Pauta. A seguir, face Requerimento
verbal de autoria do Vereador João Antonio Dib, o Senhor Presidente registrou
as presenças dos Vereadores Beto Moesch, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, Luiz
Braz, Pedro Américo Leal e Reginaldo Pujol, e, face manifestações e Questões de
Ordem formuladas pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e João Antonio
Dib, prestou esclarecimentos acerca do quórum necessário para ingresso na Ordem
do Dia e da nominata dos Senhores Vereadores presentes nesta Sessão. Às
dezessete horas e dez minutos, constatada a inexistência de quórum para
ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e
Ervino Besson e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João
Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio
Dib solicita verificação nominal de quórum. (Pausa.) (Após a apuração nominal.)
Havendo quórum, solicito ao Sr. 1ª Secretário que proceda à leitura das
proposições encaminhadas à Mesa.
O
SR. 1º SECRETÁRIO (João Carlos Nedel): (Lê as proposições
apresentadas à Mesa.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à
O Sr. Luiz Fernando Rigotti,
Vice-Presidente da Associação dos Técnicos de Porto Alegre - Astec - está com a
palavra, para tratar do assunto relativo ao Dia do Funcionário Público, pelo
tempo regimental de 10 minutos.
O
SR. LUIZ FERNANDO RIGOTTI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Ver.
João Carlos Nedel, demais Vereadores desta Casa, meus colegas municipários e
colegas do Fórum de Entidades que estão aqui presentes, nós pedimos este espaço
da Tribuna Popular para, em nome da Astec e também do Fórum de Entidades,
virmos a esta Casa, mais uma vez, falar do dia de amanhã - Dia do Funcionário
Público. Amanhã, pela manhã, sabemos que haverá festividades oficiais nesta
Casa, mas, infelizmente, não poderemos comparecer, pois realizaremos, às
10h30min, no Paço Municipal, um Ato Público em nome da qualidade do serviço
público municipal. Esse é o lema que tem trazido o Fórum das Entidades e os
municipários a lutarem neste último ano e meio, dois anos.
Nós municipários de tanto trabalhar com
as lides da Cidade, seja no HPS, seja na Escola, no Planejamento, na SMOV, nas
ruas e também as limpando, identificamo-nos tanto com Porto Alegre que cada vez
amamos mais esta Cidade. Identificamo-nos muito e gostamos demais desta Cidade
e do cidadão que mora em Porto Alegre. Esse é um orgulho para nós que
escolhemos ser servidores públicos, se bem que não há lá grandes vantagens ou
grande entusiasmo em ser servidor público hoje no Brasil, seja ele federal,
estadual ou municipal.
Falemos do nosso caso, servidor público
municipal - nós temos muito a falar. Poderíamos falar, por exemplo, do Plano de
Carreira. O último Plano de Carreira que tivemos, Dr. João Antonio Dib, foi
quando V. Exª era Prefeito, Plano este realizado pelo Dr. Valter Lemos, que
conversou conosco, e depois foi emendado pelo Dr. Collares. De lá para cá, só
temos notícias de que houve contratações de 900 mil reais, depois de mais 600
mil reais para elaborar um novo Plano de Carreira, mas nunca tivemos, de fato,
nada no nosso Plano de Carreira, portanto estamos estagnados. V. Exas. sabem da
velocidade com que as coisas acontecem no mundo, a cada ano o conhecimento
dobra. Se a gente ficar parado sem fazer nada, vamos acabar sabendo a metade do
que sabíamos no final de cada ano. Imaginem V. Exas. a estrutura da Cidade, o
crescimento de Porto Alegre daqui a 20 anos, e nós com o mesmo Plano de
Carreira de 1976,1977.
Poderíamos falar de plano de saúde dos
municipários, mas os municipários não têm plano de saúde; nós temos planos
individuais, como Unimed, Golden Cross e, no máximo, com a nossa coirmã, a AFM,
com a qual há um convênio e para quem a Prefeitura, a cada ano, repassa menos
dinheiro, tentando estrangular essa nossa coirmã na questão do atendimento,
principalmente das camadas que recebem menos dentro da Prefeitura. Não temos
plano de saúde e temos problemas graves de saúde dentro da Prefeitura. Saibam
V. Exas. que, no último relato dado para o Ministério da Previdência, estava lá
escancarado o dado de que 30% das aposentadorias foram por invalidez; se esse
dado é correto, nós estamos com uma categoria doente; se ele é incorreto, pior
ainda, porque não conseguimos tratar os nossos funcionários.
Poderíamos falar de outras questões, por
exemplo: nós conquistamos uma política salarial a duras penas, com duas greves;
conseguimos reconhecimento com o índice de reajuste para a bimestralidade, que
depois foi acordado e votado por esta Casa, transformando-a em Lei. O Prefeito
Tarso Genro sancionou essa Lei e, depois de dois meses, pediu sua
inconstitucionalidade, mas, sabendo como demoram as questões na Justiça, “empurram
com a barriga” por mais de dez anos. E, por fim, derrubaram o índice,
milagrosamente, em conchavos lá em Brasília. Hoje nós temos o índice que
reajusta a nossa bimestralidade, que sai no DOPA a cada dois meses: o IRV. É um
índice que até hoje não conseguimos decifrar se é “índice de renovação
vampiral”, porque sempre dá igual a zero, ou se é uma homenagem ao Prefeito
Verle, alguma coisa assim. O certo é que esta Câmara reajusta como deve os seus
funcionários, com a bimestralidade, enquanto nós, municipários, há um ano e
oito meses, estamos sem reajuste.
E mais ainda, a alegada Lei de
Responsabilidade Fiscal tem de se submeter à Constituição, que no seu art. 10º
diz que tem de haver reajuste anual para o funcionalismo. Essa parte da
Constituição não querem seguir; a isso não se ouve. E ainda querem tachar o
nosso movimento como sendo um movimento político-partidário. Ora, Srs.
Vereadores, a Prefeitura de Porto Alegre está completamente partidarizada, tudo
que nós fizermos dentro da Prefeitura vai ser encarado como
político-partidário! Eu convoco os Srs. Vereadores para que analisem como
funcionam as Secretarias e aquilo que a Lei aprovou para que elas funcionassem.
Quero saber se os Srs. Vereadores aprovaram o coletivo político em cada
Secretaria, que determina a nossa vida funcional, pois são esses que mandam
dentro da Secretaria! Não ouvem técnicos, não ouvem chefias, não ouvem coisa
alguma! É um comando político que nós apelidamos de “comissários do povo”,
lembrando a antiga União Soviética. (Palmas.)
Nós cansamos, nós estamos aqui porque não
recebemos reajuste há mais de um ano e meio! E a partidarização dentro da
Prefeitura, causando constrangimentos seguidos a nós municipários, nós não
agüentamos mais! Passou-se o tempo em que éramos respeitados, em que valia a
pena trabalharmos para os cidadãos da Cidade, apesar de ainda gostarmos de
trabalhar para os cidadãos de Porto Alegre. Mas, agora, somos empregados de um
Partido? Não nos convencem mais! Nós queremos trabalhar para a população de
Porto Alegre, é isso que nós estamos querendo. E, no Dia do Funcionário
Público, temos de dizer isto para os futuros dirigentes desta Cidade: a
Prefeitura de Porto Alegre tem de ser remontada; ela tem de ter curto, médio,
longo e longuíssimo prazo. O que não pode é cada um que entrar numa Secretaria
montar a sua campanha eleitoral. A tendência é cada um mudar tudo o que foi
feito pelo outro. E isso é um desperdício do dinheiro público. Nós somos um
País pobre, não podemos dispersar anos e mais anos da nossa vida funcional não
produzindo nada, pois não nos deixam produzir. Entra um de uma tendência e diz
que todo aquele tempo passado - mesmo sendo do mesmo Partido - foi tempo
perdido. Nós temos de ser conseqüentes à questão democrática, que veio para
este País e veio para ficar. Mas, além da democracia, há a res publicae. Ou seja, é a responsabilidade pública que nós temos
de exigir e vamos exigi-la aqui, é o respeito aos funcionários, pois, se não
respeitarem os funcionários, não estarão respeitando a população. O nosso mandato
é de 35 anos, mas o mandato daqueles que estão lá na Prefeitura é de quatro
anos, mesmo que renováveis.
Eu quero dizer a V. Exas que
os municipários vêm aqui de cabeça erguida. Nós já estivemos nesta Casa, por
diversas vezes, trazendo assuntos dos mais graves e dos mais pesarosos para
nós. Nós vimos, outro dia, a insolvência do Montepio, por duas vertentes: uma,
porque a Prefeitura queria se descartar dele, e outra, porque não se
modernizaram aqueles colegas que estavam lá dentro. Agora, ao Previmpa - que
foi uma obra desta Casa, juntamente com os municipários -, a Prefeitura não
repassou a verba de administração por mais de um ano, inviabilizando o
funcionamento, de forma decente, dessa autarquia, porque, no fundo, a
estratégia deste Governo petista, bem como a do Lula, é de privatizar
completamente a Previdência. Então, a Prefeitura quer acabar com o Previmpa,
não dando condições para ele funcionar, para depois vir dizer que não deu
certo. Mas nós estamos lá e vamos mostrar aos Vereadores que temos consciência
daquilo que estamos fazendo. Nós trabalhos tecnicamente e honradamente. E
estamos trazendo, novamente, a ética para a política, sim! Não traímos e não
gostamos de traidores. Nós respeitamos qualquer um que venha e feche um pacto
conosco, mas não vamos aceitar que nos impinjam coisas que nós - o nosso
movimento, o movimento dos Municipários - não merecemos... há dezoito meses,
desde o primeiro mês que não veio a bimestralidade e depois do primeiro ano que
não veio reposição.
Agora, numa pirotecnia eleitoreira, tal
qual esse Edital que foi largado hoje no jornal Zero Hora, o Prefeito vem dizer
que vai pagar os atrasados daqui para frente, mas não daqui para trás, que é a
nossa progressão funcional. Progressão funcional, Srs. Vereadores, é salário, e
os salários dos municipários estão atrasados. A questão do abono-permanência -
e já tivemos diversos exemplos -, que ele disse que iria pagar este mês e não
pagou, é salário, e é salário atrasado! Na realidade, o que ele aumentou foi um
pila no vale-alimentação, de todas as nossas reivindicações. Eu sei que amanhã
vão estar publicados no jornal grandes elogios à classe municipária, mas a
nossa valorização nós sabemos qual é e nós vamos atrás dela, porque nós
merecemos. Esse reconhecimento é do povo de Porto Alegre, e a esse, sim, nós
damos o nosso respeito. Obrigado. (Manifestações nas galerias.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos o Sr. Luiz
Fernando Rigotti a fazer parte da Mesa. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Luiz
Fernando Rigotti, meu conterrâneo e amigo, Vice-Presidente da Astec; Srs.
Vereadores e Sras Vereadoras, eu sempre afirmo com muito orgulho que
sou um servidor público municipal por vocação, formação e convicção. Hoje, com
orgulho, em nome da Bancada do Partido Progressista, composta por este Vereador
e pelos Vereadores João Carlos Nedel, Beto Moesch e Pedro Américo Leal,
estou-me dirigindo aos municipários.
Na realidade, os municipários têm sido
muito maltratados pelo Partido dos Trabalhadores. Eles cuidam muito dos
trabalhadores dos outros, aí eles exigem muitas coisas, mas, dos seus
trabalhadores, não cuidam nem um pouco. Mandaram fazer um Plano de Carreira em
São Paulo, vieram caixas e mais caixas de relatórios, e ele não era aplicável
em Porto Alegre. O dinheiro do povo foi usado indevidamente. Agora estão
fazendo a prévia de um Estatuto, também com o dinheiro do povo, buscando o
dinheiro no BID para modernização administrativa, e não estão fazendo nada.
Até, há dois anos, houve uma antecipação do dinheiro do servidor público, era o
2º turno da eleição para Governador do Estado.
Quando o Prefeito João Verle, no ano
passado, anunciou que haveria um déficit de 75 milhões de reais, eu fui à
tribuna e documentei que não haveria um déficit de 75 milhões de reais e sim um
superávit, que não havia por que ele não pagar a bimestralidade - que aqui está
sendo paga, porque assim determinei naquela oportunidade, aqui na Câmara, com o
apoio da Mesa.
Como eu assumi a Prefeitura várias vezes
no ano passado, o Tribunal de Contas me mandou este documento. (Exibe
documento.) E é textual, diferente do que escreve o Prefeito. (Lê.) “... a
Despesa com Pessoal fica adequada ao limite de 90% de que trata o art. 59, §
1º, inciso II e, evidentemente, aos limites de 95% e máximo, de que tratam,
respectivamente, os artigos 22, parágrafo único, e 20, inciso III, alínea “b”,
da Lei Complementar nº 101/2000, descaracterizando, dessa forma, a situação de
alerta automático”. Nunca houve alerta automático.
(Manifestações nas galerias.)
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Concluo, Sr. Presidente, a análise do
Tribunal de Contas, no ano passado, que este Vereador tem em mãos (Lê.):
“Despesa Total com Pessoal. Consigno que o percentual apurado no final do
exercício de 2003, no que se refere à Despesa Total com Pessoal apresentada
pelo Executivo Municipal, é inferior ao limite de 90% de que trata o art. 59, §
1º, inciso II, da Lei Complementar nº 101/2000, razão pela qual não houve
emissão de alerta ao Poder em tela”.
Portanto, o Prefeito guardou o dinheiro
no sistema bancário, em CDB, como tem até hoje o dinheiro em CDB, mas não deu
aos servidores aquele mínimo direito que era a bimestralidade, a reposição dos
seus salários. Eu nem vou contar as outras coisas. Saúde e PAZ! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Sofia Cavedon
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Elói Guimarães, presidindo os
trabalhos; Sr. Luiz Fernando Rigotti, Vice-Presidente da Astec; colegas
funcionários que acompanham a Sessão, colegas Vereadores, em nome da Bancada do
PT, gostaria de receber, respeitosamente, a manifestação dos funcionários e
registrar que nós temos pautado as nossas quatro Administrações pela
valorização do funcionário público municipal. (Manifestação nas galerias.)
Valorização esta que se dá, em primeiro lugar, pela capacidade de manter uma
saúde financeira, de manter um estado público capaz de ampliar serviços, de
manter uma Prefeitura, portanto, forte, saneada, que faz concursos, que
preserva carreira e que reajusta salários. (Manifestação nas galerias.)
Essa é a história da Administração
Popular, que é composta por uma Frente, e não apenas por um Partido, que fez,
teimosamente, uma Administração, nesses 16 anos, ampliando ao máximo a
participação da população, portanto impossível de ser partidarizada. A
população acompanha o Orçamento, acompanha as Receitas e também, senhores,
autoriza a nomeação de novos funcionários. (Manifestação nas galerias.)
E, neste momento, quando os demais
funcionários públicos do País - os federais, no caso - vivem oito anos sem
nenhum reajuste, a Administração Popular, por essa seriedade, por não abrir mão
de impostos, foi reajustando o valor dos salários dos seus funcionários. Se
neste momento não o faz, é porque não há condições orçamentárias.
(Manifestações nas galerias.) Nós temos mantido diálogo com os funcionários, o
qual, infelizmente, não é respeitosamente recíproco. Um diálogo que tem aberto
as Contas e, a avaliação... (Manifestação nas galerias.) ...do último
quadrimestre permitiu à Prefeitura atender alguns itens da pauta de
reivindicações: am o vale-alimentação - cada funcionário receberá 25 reais a
mais -, as progressões que honram o Plano de Carreira e as outras gratificações
que estavam sendo esperadas. (Manifestações nas galerias.) Queria aproveitar
para, em nome da Bancada, parabenizar os funcionários públicos pelo seu dia...
(Manifestação nas galerias.) ...e dizer que, certamente, a população de Porto
Alegre é muito honrada pelo seu trabalho generoso e de qualidade.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos termos do
art. 206 do Regimento.
O SR. LUIZ BRAZ: Quero
cumprimentar todos os funcionários e você, Rigotti, que foi muito feliz na
tribuna fazendo uma exposição real daquilo que está sentido o funcionário
público neste exato instante e daquilo que ele espera para o seu futuro.
Eu lembro muito bem quando era Secretário
da Fazenda o agora Prefeito João Verle, ele dizia que o funcionário público
municipal ganhava muito bem. Depois, quando saiu uma relação de “marajás” do
Tribunal de Contas, viu-se que ele era um dos aposentados como “marajá”.
(Manifestação nas galerias.) E essa afirmação do Sr. João Verle, naquela época
como Secretário da Fazenda, acho que acaba permanecendo no tempo. Ainda hoje o
Sr. João Verle, que está à frente da Prefeitura, também pensa que todos os
funcionários municipais estão na mesma situação que ele, ganhando o mesmo que
ele. Por isso ele não está muito preocupado com aquilo que vai acontecer com o
funcionário público municipal.
Eu fico triste quando vejo que,
principalmente na área da Saúde, a política das cartas-contratos foi bem
superior à política das contratações das pessoas concursadas que estavam
esperando sua nomeação e não eram nomeadas, porque o PT resolveu trabalhar
somente com cartas-contratos. Isso é triste, é lamentável... (Manifestação nas
galerias.) Eu acredito que é hora, neste instante, de todos nós pensarmos
nessas coisas que aconteceram e que prejudicaram o funcionário público.
Quero cumprimentar todos os funcionários
públicos e dizer-lhes que a luta deste Município deve ser para valorizar o
funcionário público, a fim de que o atendimento seja cada vez melhor.
(Manifestação nas galerias.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerramos esta
Tribuna Popular, não sem antes cumprimentar o Sr. Luiz Fernando Rigotti,
Vice-Presidente da Astec. (Manifestação nas galerias.) Queremos dizer que S.
Exª fez a manifestação da tribuna assistido por todos, e as Bancadas, tantas
quantas entenderam, manifestaram-se sobre a matéria. Quero ainda dizer que as colocações
feitas serão objeto, evidentemente, dos desdobramentos naturais daqui para
frente. Quero desejar à Astec que continue nessa luta, que empreende com muita
seriedade, com muita competência, com muita bravura.
Dr. Rigotti, receba os cumprimentos da Casa!
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h44min.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 14h47min):
Estão reabertos os trabalhos. O Sr. 1º Secretário procederá à leitura das
proposições apresentadas à Mesa.
O
SR. 1º SECRETÁRIO (João Carlos Nedel): (Lê as proposições
apresentadas à Mesa.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trago
um assunto relevante que, graças a Deus e à diligência de um exemplar
funcionário público, foi resolvido. Recebi com muita tristeza e com muita
indignação a notícia de que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre havia
invadido uma área de propriedade da Pequena Casa da Criança, aquela Pequena
Casa da Criança fundada pela querida Irmã Nelly Capuzzo. Lá no Belém Velho, a
Prefeitura tem uma área ao lado de uma área da Pequena Casa da Criança. Essa
área é de trinta e três metros de frente por quinze metros e pouco de fundo; ou
seja, espaço suficiente para que a Prefeitura utilizasse a área para construir
um posto de saúde. Mas, tristemente, a Prefeitura invadiu o terreno dos fundos,
de propriedade da Pequena Casa, sem a menor necessidade, sem consulta. Quando
estavam abrindo um imenso buraco, uma terraplanagem muito grande (Mostra
fotos.), os dirigentes da Pequena Casa da Criança foram até lá e perguntaram ao
construtor da obra por que estavam fazendo aquilo. Eles ficaram com uma certa
dúvida e ligaram para o Secretário da Fazenda, este autorizou a continuar a
obra de qualquer maneira. Ora, isso exigiu que a Pequena Casa da Criança
entrasse com pedido judicial de sustação da obra.
Hoje pela manhã, tentei falar com dois
Secretários, não os encontrei, tentei falar com o Chefe de Gabinete do Sr.
Prefeito, e não o encontrei, mas tive a graça de encontrar o Assessor do Sr.
Prefeito, o diligente funcionário Vilson, que fez os contatos devidos e
encaminhou a solução do assunto. Efetivamente, a Prefeitura havia-se
equivocado, pois, em vez de fazer o projeto ao longo, fez ao comprido. Então,
graças à intervenção pronta do nosso grande amigo, funcionário Vilson, que
também é Assessor, que faz o trabalho de ligação entre a Câmara e a Prefeitura,
resolveu-se o problema: ele mandou paralisar a obra.
Nós ficamos preocupados, porque a
Prefeitura está - eu não sei com que intuito, mas entendo que seja com intuito
eleitoral - acelerando certas obras sem o mínimo cuidado. Como é que esse
assunto passa por todos os setores da Prefeitura e ninguém vê? A Prefeitura
está fazendo obras assim, imediatas. Lá na Restinga, estão passado uma camada
asfáltica em ruas que não estão nem definidas. Isso é uma obra eleitoreira, e a
construção apressada da Unidade de Saúde lá de Belém Velho também é uma obra
eleitoreira, porque poderiam tranqüilamente começar após as eleições, mas não,
começaram ontem, às vésperas das eleições, claramente visando à vantagem
eleitoral. Nós ficamos muito tristes com esses assuntos, porque eles poderiam
ter mais cuidado, mais critério.
Peço que a televisão mostre aqui o
gráfico do terreno. (Mostra gráfico.) Este é o terreno da Prefeitura,
claramente definido, e esta é a construção, invadindo a parte dos fundos. É uma
pena que isso aconteça. Não dá para entender por quais motivos, somente pela
voracidade eleitoral. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à
(06
oradores/10 minutos/com aparte)
5.ª
SESSÃO
PROC.
N.º 4837/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 047/04, que estima a Receita e fixa a Despesa do Município de Porto
Alegre para o exercício financeiro de 2005. Com Emendas n.ºs 01 a
17.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio
Dib está com palavra para discutir a
Pauta Especial.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
Partido dos Trabalhadores não está entendendo-se muito bem! Para o próximo ano,
está consignada verba para o Fórum Social Mundial, que é uma realização
importante para Porto Alegre. Nós vivenciamos duas vezes o Fórum e podemos
dizer que, realmente, Porto Alegre se engrandece, e, a cada ano, ele deveria
ser aperfeiçoado. Mas, agora, o Presidente da República, Sr. José, aliás ... É
que a vinculação com José Sarney é muito grande! O nosso Lula, Luiz Inácio Lula
da Silva, diz que o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, não conduz a nada.
Nós vamos desmentir o Presidente da República e vamos fazer um belo Fórum
Social Mundial. Isso é fruto do
desentendimento petista das diferentes correntes, e nós não vamos debater.
Agora, em uma coisa realmente a frente
petista da Prefeitura - são 10 ou 12 linhas - se entende: é na publicidade. Eu
já fui Diretor do DMAE duas vezes e não lembro, honestamente, de ter gastado um
centavo em publicidade para o DMAE. E olha que fiz algumas realizações, como o
modelo matemático e de qualidade de água, como a primeira Cidade a ter
fluoração nas suas águas, a capacidade duplicada, triplicada de tratamento das
Estações, e não fiz publicidade. O DMAE tem, para a publicidade, no ano que
vem, 1 milhão e 610 mil reais. Mas o que o DMAE vai fazer de publicidade? Para
vender mais água quando ele diz que deve consumir menos água? Eu tenho
dificuldade de entender.
A Prefeitura pretende gastar, mas é claro
que sempre gasta mais, porque tem um negócio de suplementação, 7 milhões e 215
mil reais. Eu lembro aqui o Prefeito Tarso Fernando, que, irritado com a
primeira Emenda Popular feita pela UAMPA que reduzia uma pequena parcela da
verba de publicidade de seu Gabinete, não hesitou em reajustar, com uma
suplementação, a sua verba de publicidade em 13.206%. Este é o Partido dos
Trabalhadores! O Orçamento está equilibrado, mas eu ainda espero que muita
gente desta Cidade que faz o Orçamento Participativo me diga o que é Receita de
Capital.
É muito ativo o Orçamento Participativo.
O Ver. Clóvis Ilgenfritz fez um Projeto de Lei tentando institucionalizá-lo,
mas isso não foi permitido pelo Executivo; o Ver. Lauro Hagemann apresentou um
Substitutivo, tudo da Frente Popular, e agora estão bravos. Aí, eu olho o
quadro dos investimentos feitos pelo Orçamento Participativo, aqui nós temos o
famoso conduto forçado da Rua Álvaro Chaves - eles dizem que vão iniciar as
obras, e não vão continuar, mas o Prefeito João Verle diz que não sairia da Prefeitura
sem começar as obras -, está previsto para o ano que vem 22 milhões de reais.
Agora há uma coisa aqui que eu não consigo entender, o famoso Programa
Integrado da Entrada da Cidade: SMOV, 23 milhões de reais; SMIC - o Secretário
não é o Ver. Adeli Sell, é o Edson, se fosse ele até saberia que seria
utilizado para alguma coisa, mas não é ele -, 3 milhões e 200 mil reais; e o
DEMHAB também tem 32 milhões de reais para o ano que vem.
Hoje é o penúltimo dia de discussão da
Pauta Especial que trata do Orçamento, então eu resolvi apresentar duas
Emendas. A primeira Emenda diz respeito ao extraordinário montante de cinco mil
reais, até para mostrar que eu sou um homem que acredito nos seus semelhantes,
para obras e equipagem de laboratório farmacêutico, reduzo na publicidade em
diferentes órgãos da municipalidade cinco mil reais! Faz dez anos que eu digo
nesta tribuna que - coloco no Plano Plurianual, apresento na Lei de Diretrizes
Orçamentárias, e é aprovado - há necessidade de um laboratório farmacêutico manipulando
remédios para os municipários e para as pessoas carentes da Cidade. A Emenda
foi aprovada e sancionada pelo Prefeito. Há dois anos, o Prefeito João Verle
pediu que eu lhe desse uma sugestão de como se faria esse laboratório para
manipular remédios. Eu dei-lhe duas que foram extraviadas. Depois dei cópias
para o Dr. André Passos. Duas personalidades das mais competentes em matéria de
manipulação de remédios desta Cidade ofereceram os seus trabalhos, e eu levei a
S. Exª o Sr. Prefeito. Eu estou mostrando que sou um homem de boa vontade,
acredito que é possível fazer, sim, um laboratório para manipular remédios,
esses mais comuns, mas que também custam caro e que a maioria da coletividade
não pode usar, porque não pode pagar. E, se a Prefeitura gastar menos nesses,
poderá comprar alguns que não podem ser manipulados.
Há pouco tempo, a douta EPTC até me
respondeu que estava colocando placas nos logradouros. Há dez anos, eu fiz um
Projeto de Lei indicando que o ano de 1995 seria o ano da denominação dos
logradouros públicos. Apresentei esse Projeto de Lei, e o Prefeito sancionou.
Fiz uma Emenda colocando 150 mil reais no Orçamento, o Prefeito sancionou. Não
colocou as placas, assim como deram 50 mil reais para a Associação dos
Funcionários Municipais, só que nunca entregaram. Então, depois da entrevista
dos doutos da EPTC, da minha querida SMT, em que diziam que faltavam 14 mil
placas na Cidade e cada uma custava seis reais, resultando em 84 mil reais, eu
estou fazendo uma Emenda no sentido de abrir uma rubrica com 100 mil reais,
para que todos os logradouros, todas as nossas esquinas, na forma da lei,
tenham uma placa denominativa. Eu não estou inventando o ano de 1995 como o ano
de denominação de logradouros públicos, eu estou até me lembrando da Lei nº
383, de 1951, e da Lei Complementar nº 12, que é o Código de Posturas, que eu
tive o prazer e a honra de, manuscritamente, redigir e aprovar. Lá está. Então,
eu estou sugerindo que o Executivo tenha 100 mil reais para denominar os
logradouros, estou reduzindo na Secretaria Municipal de Obras e Viação, como
deve ser, na construção e pavimentação de vias urbanas. Não vai haver
problemas. Não se entende um via urbana pavimentada, com pluvial também,
iluminada e não denominada. É uma ofensa à Cidade, é uma ofensa àqueles que
visitam a nossa Cidade, e a Prefeitura de Porto Alegre diz que custa tão pouco.
Cinqüenta milhões de reais em CDBs seriam muito mais do que o suficiente, o
rendimento de um mês, de dois meses, para denominar todos os logradouros. E eu
não inventei os CDBs, é a Secretaria da Fazenda que me fornece os dados e
disponibilidades bancárias. Sou grato, Sr. Presidente, por permitir que eu
excedesse o tempo. Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Elói
Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que
nos acompanham nas galerias, também na TV Câmara, eu queria saudar a todos. A
Zona Sul de Porto Alegre, tristemente e lamentavelmente, está passando horas
difíceis por mais um bárbaro crime que aconteceu com uma criança. Eu conversei
com algumas pessoas hoje pela manhã. Eu moro na Zona Sul de Porto Alegre, e
essas pessoas estão estarrecidas. Como é que se pode chamar um elemento desses
de cidadão? Uma besta humana consegue pegar uma menina de três anos.
Vocês que nos assistem pela TV Câmara,
olhem para o lado de vocês: talvez muitos de vocês tenham uma criança, uma
menina de três anos. O que se passa na cabeça de uma jovem, de uma inocente? E
uma besta humana descarrega sua raiva, pega uma menina, estupra-a e depois a
enforca numa árvore. Talvez amanhã a sociedade tenha que sustentar esse
indivíduo, essa besta humana, no presídio. Eu não sou favorável à pena de
morte, mas, talvez, diante de um crime como esse, a gente retome esse
pensamento que uma parte da sociedade defende, ou seja, a pena de morte. Porque
uma besta humana que comete um bárbaro crime, estupra a menina e depois a
enforca com a sua própria roupa, numa árvore, o que é que merece? Merece ser
preso e ser sustentado no presídio? Eu acho que cada um deve fazer a sua
avaliação da forma como bem entender. Mas jamais uma besta dessas poderá ser
tratada como um ser humano, pelo bárbaro crime que cometeu.
Eu tenho recebido algumas críticas sobre
o meu pronunciamento a respeito do Fórum Social Mundial. Eu já disse, e torno a
dizer, desta tribuna: eu não sou contra o Fórum Social Mundial. Sou contra a
forma como acontece. Sou contra os órgãos públicos colocarem dinheiro para o
Fórum Mundial. Se tiver que repetir, desta tribuna, meu caro Presidente, Ver.
Elói Guimarães, dez, quinze, vinte vezes, eu vou repetir: nós temos problemas
muito mais sérios do que o Fórum Social Mundial, para os quais devemos
canalizar recursos.
Eu vejo, hoje, na página 9 do Correio do
Povo: “Lula critica o Fórum Social Mundial. O Presidente Lula surpreendeu,
ontem, ao criticar o Fórum Social Mundial. Disse que o evento precisa ter mais
foco, sob o risco de se transformar numa ‘feira de produtos ideológicos’, em
que cada um vai, compra o que quer, vende o que quer e sai sem ter firmado um
compromisso’”. Está aqui, meu caro Ver. Guilherme Barbosa. Então, a linha do
meu pensamento a respeito do Fórum Social Mundial vai ao encontro do que diz
aqui o Sr. Lula, o nosso Presidente da República. É por isso que, para aquelas
pessoas que entenderam que eu seria contra o Fórum Social Mundial, já estou
repetindo pela terceira vez: não sou contra, sou contra a forma como ele está
acontecendo. Nós temos muitos problemas para resolver aqui no nosso País,
agora, vamos resolver os nossos problemas com recursos aplicados aqui, e não
aplicar recursos do povo, dos cofres públicos, para tentarmos resolver os
problemas do mundo; aí sou contra; vamos aplicar os recursos para resolvermos
os nossos problemas. Era isso, Sr. Presidente, muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está
com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. ADELI SELL: Caro Ver. Elói Guimarães, na presidência
dos trabalhos, colegas Vereadoras e Vereadores, senhoras e senhores, dado o
cuidado que tivemos ao apresentar o Orçamento do ano passado com os gastos
previstos para este ano, vamos conseguir pagar o 13º salário dos funcionários
sem qualquer abalo. Com o Orçamento que apresentamos, comentado há pouco pelo
Ver. João Dib, nós, diferentemente de tantas outras Prefeituras do País afora e
de alguns Governos estaduais, conseguiremos honrar o que diz o Orçamento: o
pagamento mensal, no dia devido, de todos os salários, bem como o 13º salário,
sem a angústia que passam muitos funcionários públicos neste País, em tantas e
tantas Prefeituras afora.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte?
O
SR. ADELI SELL: Sim, Ver. João Dib? Falo alguma coisa que
V. Exª não tenha gostado?
O Sr. João Antonio Dib: Não, nobre
Vereador, eu sempre ouço V. Exª com muita atenção, porque V. Exª é correto nas
suas colocações. Mas eu gostaria de fazer um pequeno reparo: a Prefeitura tem
dinheiro em CDBs mas não para o 13º salário. No ano passado, a Prefeitura
arrecadou, em dezembro, a quantia de 215 milhões de reais, e a sua média
mensal, no ano passado, não chegava a 100 milhões de reais - além dos 25
milhões de reais que tomou emprestado do DMAE; e eu não sei por que uma
autarquia tinha 25 milhões de reais, em vez de prestar serviços.
O
SR. ADELI SELL: Ver. João Dib, o bom governante, um
governante sério, probo, é aquele que não deixa o dinheiro estocado no cofre,
nem numa conta bancária sem uma devida aplicação e, muito menos, deixa uma
autarquia ter dinheiro quando há problemas de caixa no caixa central. Isso é
óbvio. Isso é uma posição correta.
O
Sr. Guilherme Barbosa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Adeli, agradeço o aparte, o Ver. João Dib esquece que esse
valor que ele citou foi da antecipação do IPTU; principalmente em face das
dificuldades que a Prefeitura passou no ano passado, em dezembro, precisou
fazer essa antecipação. E, ao mesmo tempo, como Governo do Estado antecipou o
ICMS e o IPVA, deu esse valor. Eu sei que o Ver. Dib tem boa memória, ele
apenas não colocou na discussão, porque sabe que esse número citado é
absolutamente irreal dentro de um Orçamento bem planejado.
O
SR. ADELI SELL: Como o Ver. João Dib conhece bem as
contas da Prefeitura, eu gostaria de tê-lo como interlocutor em alguns outros
temas deste Orçamento, como em outros Orçamentos passados. Há pouco, nós
ouvimos alguns funcionários falarem aqui e fazerem demandas, e nós sabemos que,
para que possamos ultrapassar esses 2 bilhões e quase 200 milhões do nosso
Orçamento, teríamos de aumentar a arrecadação. É claro que eu sou daqueles que
não defendem o aumento de alíquotas na atual conjuntura, pelo contrário, acho que
algumas delas nós até deveríamos rediscutir, como já fizemos outras vezes aqui.
E esse é um papel que esta Câmara de Vereadores, nos anos que estou aqui,
tem-se negado a fazer; o de discutir a arrecadação. O Parlamento, quando
discute o Orçamento, não é para discutir apenas os gastos. O Parlamento
Legislativo não é apenas, exclusivamente, um órgão demandante. Quem é um órgão
demandante por excelência é a associação de moradores, porque, se não fosse
assim, não seria um demandante como é um sindicato junto à classe patronal, a
quem lhe dá o emprego. Uma Câmara de Vereadores tem de ver a Cidade como um
todo.
Mas aqui, muitas vezes, discutem-se
questões tão particularistas, como se um Vereador fosse, na verdade, o
presidente de um sindicato de classe que defende apenas questões de categoria,
ou presidente de uma federação esportiva, mas não um Vereador de toda a Cidade,
a Cidade inteira. A Cidade inteira pressupõe, também, a fiscalização dos
sonegadores, daqueles que não pagam, ou a apresentação ou discussão, junto ao
Executivo, de proposições que façam aumentar a arrecadação. Por exemplo, uma
discussão que nós fizemos, ainda na época do saudoso Secretário José Eduardo
Utzig, é de que, a cada ano - esta sugestão que eu faço agora é para ser
implementada em janeiro -, se discuta com todas as corporações, com todos os
conselhos, para que tenhamos uma parceria entre público e privado, para assim
efetivarmos, por exemplo, a arrecadação de todos os profissionais liberais já
no início do ano. O mesmo pode ser feito com outras tantas categorias, como
fizemos aqui, em 1999, quando negociamos o rebaixamento do ISS com o setor do
Asseio e Conservação, da Vigilância, quando nós conseguimos, sim, diminuir a
alíquota e fazer com que um conjunto de segmentos que estava fora da cidade de
Porto Alegre começasse a migrar para a Capital.
O
Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Adeli Sell, eu conheço e admiro o trabalho de V. Exa, só quero
lhe pedir que seja nosso parceiro aqui nesta Casa, para que consigamos
facilitar a regularização, nesta Cidade, de 100 mil imóveis irregulares. Dessa
forma, a Prefeitura terá um grande aumento de arrecadação. E não aumentar mais
os impostos, porque o povo, de uma forma brutal, está sobrecarregado de impostos.
Eu acho que o Brasil é o país onde mais se pagam impostos.
O
SR. ADELI SELL: Como eu tenho que me ater, pela Pauta
Especial, ao tema do Orçamento, eu também acato sua sugestão, porque, na
verdade, é necessária uma mudança na legislação - eu já escrevi sobre isso,
tenho algumas anotações feitas e pretendo apresentá-las aqui -, mudanças como
as que eu fiz na Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio, no
sentido de facilitar a emissão dos alvarás, por exemplo, para o trabalho
temporário, no caso das licenças que nós demos para as atividades de veraneio
no Lami e no Belém Novo, assim como a facilitação do alvará para o trabalho dos
ambulantes e feirantes e, substantivamente, os alvarás em vilas irregulares e
naqueles casos em que há necessidade de um tempo maior para a adequação do seu
habite-se. Isso foi feito, inclusive, em consonância com a Secretaria Municipal
de Obras, na época do Secretário Guilherme Barbosa, nosso colega Vereador aqui
presente. Então, já há um processo de facilitação, e, com essa nova proposição
do Governo Federal, do Presidente Lula, isso, evidentemente, vai ajudar
substantivamente para que nós possamos arrecadar mais, pois vamos alargar a
base de arrecadação para os todos segmentos.
Mas é preciso, também, na condição de Poder
Legislativo, fiscalizar alguns setores que são useiros e vezeiros na sonegação.
E, aí, talvez fosse o caso de fazermos um acordo de trabalho, de fiscalização e
procedimentos com a Assembléia Legislativa do Estado, com os Legislativos
Estadual e Municipal, com a Secretaria Municipal da Fazenda, com a Secretaria
Estadual da Fazenda. Nós precisamos, por exemplo, arrecadar em lugares onde se
vendem peças usadas de automóveis, porque, talvez, seja esse o setor que hoje
sonega impostos brutalmente, e, não fosse apenas a sonegação, nós sabemos que,
travestidos de vendas de peças usadas, há os desmanches de automóveis. E, nesse
caso, nós precisamos trabalhar com a Secretaria da Fazenda, nós propusemos isso
a ela, mas não obtivemos êxito. Evidentemente, não vamos conseguir fazer isso
concomitantemente em todos os lugares, mas pegando como exemplo, como amostra -
e aí eu digo claramente -, o governante tem de fazer, nesse caso da
fiscalização, guerra de guerrilhas. Eu uso essa terminologia, porque é assim
que tem de ser feito - um na Zona Norte, outro na Zona Leste, outro na Zona
Sul, etc -, pois nós, sem dúvida nenhuma, colocaríamos as questões nos eixos.
Mas, para isso, não basta apenas o Poder Público Municipal se preocupar, como
nós nos preocupamos com o Orçamento, se as outras esferas governamentais não
caminham no mesmo diapasão. Portanto, é muito simples para um Vereador de
oposição chegar aqui como demandante e, pura e simplesmente, pedir mais e mais
verbas para uma determinada Secretaria, se nós não discutirmos a outra parte do
Orçamento, que é a arrecadação. Infelizmente, não temos tido muita voz do outro
lado para discutir arrecadação. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
jornalista Armando Burd, em sua coluna de hoje do jornal Correio do Povo, usou
uma pequena frase que eu reproduzo: “Frase que lembram a cada eleição: em
política vale tudo, menos perder.”
Sr. Presidente, nós temos tido a cautela
de, usando esta tribuna, não ensejar, Ver. Cláudio Sebenelo, qualquer
possibilidade de proselitismo eleitoral. Não obstante eu vejo pasmo que a
zelosa Justiça Eleitoral do Estado do Rio Grande do Sul parece que fechou os
olhos para determinadas situações. Ver. Sebenelo, V. Exª, ontem, denunciava
essa orgia de Ministros para todo lado se comprometendo com promessas públicas
que esse período está ensejando, as quais são reiteradas nessa hora, e que, por
não merecerem mais credibilidade, até justifico que venham compromissos de
todos os pontos do País, especialmente recrutados no Governo Lula.
Mas hoje, por paradoxal que pareça, o
jornal Zero Hora, na página 25, com o título “Publicação Legal”, promove o
anúncio de 5.836 metros de pavimentação em Porto Alegre. Essa manchete,
naturalmente, nos chama a atenção, não é uma notícia, é um aviso de licitação
que o Governo do Município, Ver. Ervino Besson, promove no dia de hoje,
confessando que está fazendo essa licitação para resgatar compromissos
não-cumpridos no chamado Orçamento Participativo, decorrentes nos anos 2000,
2002 e 2003.
Ora, Ver. Nedel, a pavimentação da Vila
Mariana, por exemplo, nós temos sido parceiros em cobranças há dez anos nesta
Casa. Agora, a cinco dias da eleição, publica-se um Edital, com manchete,
induzindo as pessoas a acreditar que finalmente vai ser encaminhada a sua
reivindicação de um decênio. E, Vereador-Presidente, o que é mais grave,
anuncia-se que as propostas, nos quatro lotes que compõem esse aviso de
licitação, serão recebidos às 10h, no dia 30 de novembro. E nós, Vereadores,
que conhecemos um pouquinho de Lei, sabemos que, uma vez recebida a proposta,
há prazos legais que têm de correr até que ela seja homologada. O que nos diz
que dificilmente esse processo licitatório, serodiamente iniciado, vai poder -
meus amigos, meus senhores e minhas senhoras - sequer ser concluído no corrente
ano. É uma ilusão que, vergonhosamente, se faz. Assim como se fazem - eu vejo
uma pessoa que me acena com a cabeça, e ela sabe o que eu vou dizer - aquelas
promessas de última hora, de que vão fazer, 16 anos depois, o hospital tão
sonhado da Vila Restinga.
Ora, a Justiça Eleitoral não pode ficar
olhando cegamente para esses fatos. O Ministério Público Estadual, que cuidou
do processo eleitoral, que era capaz de nos denunciar pela colocação de uma
plaquinha trinta centímetros fora do local, que inventou, inclusive, a figura
dos postes históricos do Município de Porto Alegre, criando uma série de processos,
muitos dos quais ainda não concluídos, porque são matérias de recursos, na
medida em que nós éramos inocentados na primeira instância, e, não conformado,
o Ministério Público Eleitoral ia buscar a renovação do processo em segunda
instância... Esse Ministério está de olhos fechados? Não vê essa vergonha que é
ter lavado agora, a três dias da eleição, a parte fronteira do “cai-cai”, o
edifício do Cine Capitólio? A colocação de uma placa dizendo que em janeiro vão
começar a restauração? Mas como podem estar-se preparando para executar uma
tarefa num período em que certamente eles não vão mais estar na Prefeitura?
Será que eles esperam que o novo Governo vá tapar todos esses buracos que eles
vão deixar?
Porque essas obras aqui anunciadas,
necessárias, prometidas há quatro, cinco anos para a população - na Chácara do
Banco, na Dona Mariana, no Passo das Pedras, enfim, em toda a Cidade - já há
muito tempo deveriam ter sido feitas, já tinham até de estar sendo recuperadas
pelo uso, porque quatro anos, cinco anos determinam a necessidade de
conservação quando se trata com responsabilidade a coisa pública. Não! É uma
peça demagógica. É um crime eleitoral que se faz. É mais uma tentativa de
embair a opinião pública e de se conservar no poder a qualquer custo. Ora, Sr.
Presidente, depois desse crime eleitoral, eu não faço nenhum exagero em dizer,
concluindo: não adianta, a mudança vai ocorrer, sim, senhor!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, eu acredito que,
nos últimos tempos, nós temos assistido não apenas aqui no Rio Grande do Sul,
mas em todo o Brasil a uma tentativa de fazer com que a ação do político possa
ser menos criticada por algumas pessoas que acham esse mundo político um mundo
repleto de corrupção. E, por isso mesmo, nós temos algumas medidas para
aplaudir.
Por exemplo, temos hoje a proibição de se
inaugurar obras no final de uma gestão, para que essas obras não fiquem para a
outra gestão terminar. Quem começa tem de terminar. Também está proibido fazer
algum tipo de inauguração que possa favorecer a candidatura de quem está na
Prefeitura Municipal. Nós ouvimos alguns discursos bem na linha do que o Ver.
Reginaldo Pujol denunciou nesta tribuna, discursos por parte de algumas pessoas
do Governo ligadas ao PT dizendo que, agora, os seus Ministros iriam subir nos
palanques para ajudar os seus candidatos. Bem, até aí, tudo bem. Mas a gente vê
aportar aqui em Porto Alegre alguns Ministros, como é o caso, por exemplo, dos
Ministros Tarso Genro e Humberto Costa, trazendo fartos recursos para Porto
Alegre quatro dias antes das eleições e fazendo promessas, eu acredito, para
enganar a população ou, se não for para isso, com um requinte de perversidade
monstruosa, que deveria ser punido pela Justiça.
Imaginem os senhores - imagine, Ver.
Guilherme Barbosa, V. Exª que pertence ao Partido da situação - se essa promessa
de acabar com as filas e melhorar o atendimento, se ela for real, se esse
dinheiro, esse aporte, esse plano que os Ministros trouxeram quatro dias antes
das eleições, se isso for viável, seria uma monstruosidade o que aconteceu
antes com o povo, com todas as pessoas que tiveram que esperar nas filas por
atendimento durante anos e que foram sempre mal atendidas. Então, havia como
fazer melhor, só não se fez melhor porque não havia antes o perigo de perder
eleição. Agora, quando há perigo de perder a eleição, quando as pesquisas
aparecem contrárias ao candidato da situação, vem o Ministro e diz: “Nós temos
a fórmula mágica para corrigir o atendimento à população sofrida. Ninguém mais
vai ficar na fila, porque nós não queremos, nós temos a fórmula mágica”. E vêm
alguns milhões para se resolver o problema.
Se isso realmente for possível, por que
não se fez antes? Por que, de repente, quatro dias antes das eleições, é que
vem esse anúncio? E se for apenas para iludir a população, como muitas vezes
tem sido feito? Aí, meu Deus do céu, que forma tétrica essa de se fazer
política!
É a isso que nós estamos assistindo
agora, nesta última semana das eleições, com os Ministros que, em vez de
cuidarem da coisa pública, em vez de cuidarem do seu País, de cuidarem da Educação...
É o caso do Tarso Genro: em vez de se preocupar com o que está acontecendo com
a Educação, que é lamentável, principalmente nesta época, vem aqui extremamente
preocupado com o seu Partido e com a eleição que o seu Partido está por perder
aqui em Porto Alegre. Eu imagino que, se os Ministros vieram a Porto Alegre,
eles devem ter ido também a São Paulo e a outros Municípios onde o PT está por
perder as eleições, usando dinheiro público, recursos públicos e “tacando na
cara do povo” esses recursos, dizendo: “Se é isso que falta para vocês votarem
em nós, está aí”. É assim que se tratam as pessoas! É com esse desamor, com
essa forma falsa de fazer política que os nossos Ministros hoje estão agindo.
É lamentável, porque a gente, que quer
viver numa nova sociedade, a gente, que às vezes acredita que as pessoas estão
querendo realmente fazer um novo País, a gente fica triste quando vê Ministros
agindo dessa forma, quando a gente vê Governos agindo dessa forma, quando a
gente vê - por que não dizer? - tanta corrupção. Porque, afinal de contas, é
uma tentativa de comprar o voto.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, está ainda em Pauta Especial a discussão do
Orçamento para o exercício de 2005. A primeira observação é que o Orçamento,
efetivamente, é um calhamaço antigo, muito antigo, um sistema antiquado de
informações orçamentárias. São raras as pessoas que entendem este Orçamento.
Nós estamos na era da informática, nós estamos na era das informações
gerenciais; poderia haver uma forma mais adequada, mais inteligente, mais
atualizada de prestar essas informações orçamentárias. Parece que é feito para
que as pessoas não se achem, não se encontrem, e isso é um problema. Espero que
no futuro isso possa melhorar.
O Ver. Adeli Sell falou aqui sobre
Receita - é importante! Estou realmente preocupado com a Receita de Porto
Alegre, que vem diminuindo, porque Porto Alegre está perdendo situação
econômica, situação financeira, situação patrimonial. As empresas estão
regredindo, não há desenvolvimento em Porto Alegre, não há crescimento. Isso se
revela pela arrecadação, é a tradução legítima que, em se reduzindo a atividade
econômica, Ver. Braz, se reduz também a arrecadação.
Nós, efetivamente, já temos impostos com
alíquotas elevadas em Porto Alegre: ISSQN, o próprio IPTU, o ITBI dos mais
caros do País. Nós tivemos, meu caro Ronaldo Belfort, que me dá a honra da sua
presença, uma experiência muito importante: num acordo entre a Câmara, setor e
Executivo, chegou-se a um denominador de que deveríamos reduzir a alíquota para
o setor de informática - o setor da tecnologia avançada. Pois isso aconteceu. E
qual foi a grata surpresa? Elevou-se a arrecadação, meu caro Ronaldo,
aumentou-se a arrecadação na área de informática, porque se incentivou o
investimento. Empresas que haviam saído de Porto Alegre estão retornando;
desestimulou-se a sonegação. Sim, desestimulou-se a sonegação. Porque a
alíquota elevada é um convite à sonegação; vale a pena correr o risco. Com a
alíquota mais adequada, não vale a pena correr o risco e ter todas essas
dificuldades. Então, é uma coisa que a gente propõe há muito tempo: examinar
mais profundamente as nossas Receitas, ver onde podemos agir. Eu sei que a
Prefeitura olha muito a sua arrecadação.
Mas eu tenho uma experiência. Eu fui
visitar um amigo, e ele me mostrou um comunicado dizendo que ele estava com
imposto atrasado, referente a uma diferença de três ou quatro anos atrás. Eu
disse: “Não, deixa que eu apanho as informações, para ver o que é isso”. Era
uma diferença de metragem na loja que ele aluga. Pequena metragem, mas, com os
quatro anos corrigidos, dava um valor de aproximadamente 600 reais. Aí, dizia o
comunicado que poderia ser pago em parcelas. Mandei um funcionário lá para
apanhar as guias a fim de que ele pagasse em parcelas. "Não, não pode,
porque precisa de uma procuração, do comprovante de propriedade do imóvel, do
registro de imóveis, do alvará de localização...". Impressionante!
Impressionante! Então, aí está: ele não pode pagar a prazo, porque é inquilino,
é uma grande empresa e ele não vai conseguir a escritura de uma loja num
edifício de lojas. Mas ele queria pagar. Disse-me: “Então eu quero pagar à
vista”. Muito bem, mandei, então, buscar a guia para pagar à vista, e disseram:
“Não a guia não pode sair daqui, tem de ser paga imediatamente na loja”. Meu
Deus do céu! Era para receber, não era para pagar, era para arrecadar. Ora, se
alguém quer me pagar alguma coisa, eu não faço muita exigência, pode passar o
dinheiro para cá, passa o cheque, deposita, não há problema - dou todas as
facilidades para receber uma dívida. Não, a Prefeitura - pasmem! - complica
para receber uma dívida. Não dá para entender. Então, Ver. Adeli Sell...
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Carlos Nedel, ela pode complicar para receber, mas V. Exª
não tem idéia do quanto ela complica para pagar.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Pois é, se complica para receber, imagina
o que complica para pagar.
Mas eu queria falar sobre o Orçamento da
Câmara Municipal. Às vezes - e eu vejo especialistas em Orçamento aqui ouvindo
-, eu fico preocupado. A Câmara Municipal vai aumentar em três Vereadores, vai
precisar construir um anexo aqui na Câmara, é claro que deverá haver um
acréscimo orçamentário. Pasmem: o valor do Orçamento de 2004 foi repetido
totalmente para 2005, com os acréscimos. "Ah, porque não vai ter Previmpa
e tal..." Meu Deus do céu! Foi repetido o mesmo valor. Onde estão os
critérios? O Orçamento de 2004 da Câmara foi de 46 milhões. Para 2005, os
mesmos 46 milhões.
Conversando com o Diretor-Financeiro da
Casa, disse-me ele que pelos cálculos estaria por volta de 52 milhões. Seis
milhões a mais. E está especificado. Tenho a especificação detalhada aqui, item
por item, caso por caso, tudo certinho. E chega-se, em vez de 46 milhões, a 52
milhões. Inferior ao limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Cinqüenta e dois
milhões. E não se perguntou para o setor orçamentário, financeiro da Casa, de
quanto deveria ser o Orçamento. Simplesmente, repetiu-se o Orçamento anterior.
Trazem-me preocupação esses números aqui, com relação à sua credibilidade.
Parece que o Orçamento é feito para
cumprir uma obrigação legal. Não diz muita coisa porque, efetivamente, hoje, o
Executivo não tem obrigação legal de cumprir o Orçamento. Então, coloca-se
qualquer número porque, depois, há transferências, outras previsões,
complementações orçamentárias que resolvem. Mas o importante é que estamos aqui
preocupados com Porto Alegre, com a sua Receita, e com os investimentos, sim.
Preocupa-me demais o pouco investimento para a contenção das cheias, para a
conservação da rede pluvial de Porto Alegre e para a sua ampliação. Vamos
ampliar, sim, com o conduto forçado da Rua Álvaro Chaves, para o que há 15
milhões de empréstimo do BID e 7 milhões de recursos próprios da Prefeitura; um
total de 22 milhões e 750 mil para o conduto forçado da Rua Álvaro Chaves, para
resolver o problema dos alagamentos do bairro São Geraldo, da Av. Goethe e
adjacências. Mas a conservação e a ampliação da rede pluvial está subestimada,
poucos investimentos nessa área. Obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu queria cumprimentar, publicamente,
pela persistência e pela forma inarredável com que está presente nesta Casa, o
único representante do PT, neste mês de eleições, que é o Ver. Guilherme
Barbosa. Ele é a resistência do PT. É uma pena que a Bancada do Partido dos
Trabalhadores não se encontre, já há bastante tempo, no plenário. É muito
interessante porque a Presidente da Casa pediu Licença para Tratamento
Particular, que pertence ao Partido dos Trabalhadores, a nossa caríssima
Presidenta da Casa, Verª Margarete Moraes. A Bancada do Partido dos
Trabalhadores apresenta como representante, dando um combate fantástico - e por
isso quero cumprimentá-lo pessoalmente -, o Ver. Guilherme Barbosa. Hoje nós
temos o prazer de ter conosco também o Ver. Adeli Sell.
Então, realmente, quando não há o ponto e
o contraponto, descontadas as qualidades do Ver. Guilherme Barbosa e do Ver.
Adeli Sell, fica difícil o debate, porque estamos examinando uma peça do
Orçamento cujo total de despesas passou de 1 bilhão e 843 mil em 2004 -
excluído o Fundo de Saúde -, e vai passar para 2005 um aumento de 3%; isso que
está considerada, em 2005, uma inflação de 4%. Vamos ver que em relação à
Educação houve, no geral, uma redução de 15% no Orçamento. Na Educação Infantil
e nas creches, a Proposta Orçamentária diminuiu em 6%; na Educação Especial,
para crianças especiais encefalopatas, com
Síndrome de Down e outras doenças, houve uma redução de 4% no Orçamento. Na Saúde houve uma redução de 3%, incluindo SUS.
Mas, se for excluído o SUS e houver uma redução orçamentária de 12% com uma
inflação de 4%, a redução passa a ser 16% na área da Saúde. Por isso que toda a
Bancada Federal, inclusive a Bancada do Partido dos Trabalhadores, está
reivindicando junto ao Sr. Presidente da República que ele anule o corte de 4
bilhões feitos no Orçamento do Ministério da Saúde.
Na Educação - e é isso que nos preocupa -
houve esse corte; na Saúde houve corte; no total de despesas houve cortes, e,
no Gabinete do Prefeito, houve um aumento de 54%. Ora, logo no Gabinete do
Prefeito! Certamente isso não passou pelo Orçamento Participativo, não! Nós
temos apenas um aumento para atividades administrativas no Gabinete do Prefeito
de mais de 50% - tiveram aumento de 54%! Então nós vamos ver que, nos últimos
dez anos, Ver. Ervino Besson, a Prefeitura vem perdendo capacidade de
investimento. Ressalto o pronunciamento do Ver. Pujol, que foi muito
interessante, trazendo à luz do debate uma publicação de uma concorrência
pública, em que nós vemos que há demandas de 2001, 2002, 2003 não atendidas.
Pressurosamente, com extrema rapidez, hoje está sendo publicado, em página inteira,
em letras muito maiores do que o normal, para fins de publicidade eleitoreira,
um Edital para asfaltamento. Nós perdemos a capacidade de investimento na
cidade de Porto Alegre! Nós, que poderíamos investir até 16% da arrecadação,
hoje não podemos investir 3%. Isso se chama falência de um discurso de
atendimento e da ilusão que se criou para Cidade, de que ela está guiando o seu
crescimento através do Orçamento Participativo. No entanto, nós temos obras de
2001 que não foram feitas; de 2002, que não foram feitas; de 2003, as mais
recentes, que também não foram feitas. Pinça-se um pouquinho de cada um e, três
dias antes das eleições, faz-se isso. Pois, assim, é muito bom trabalhar,
porque neste Orçamento está nitidamente provado que nós perdemos o direito de
investir. No Orçamento de 1995, nós precisávamos de Receitas de Capital no
valor de 3,25%; agora, para fechar o caixa, nós precisamos de 19,5%, e os
investimentos serão muito menores.
O
Sr. Guilherme Barbosa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nós, na CEFOR, recebemos o Secretário substituto que nos explicou
os grandes números, digamos assim, do Orçamento para 2005. E há uma grande
modificação, Ver. Sebenelo, entre o Orçamento de 2004 e o de 2005, exatamente
pelas modificações que esta própria Câmara elaborou na questão do Pessoal, no
que diz respeito ao Previmpa e assim por diante. Então, quando a gente soma
esses dois valores, eu quero dizer a V. Exª, no caso da Educação no seu todo,
que neste ano nós tivemos orçados 258 milhões e vai passar para 265 milhões. Na
Saúde, foram orçados 180 milhões e passa para 216 milhões. Então, eu...
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Não é esse o valor que está na nossa
Proposta, até lhe digo a página.
O
Sr. Guilherme Barbosa: Claro, mas eu disse a V. Exª que está
modificada a questão do Pessoal, no que diz respeito à Previdência dos
Municipários. Quando se somam esses valores, que, evidente, é rubrica da
Secretaria, modifica-se essa conclusão que V. Exª está colocando aqui para
todos. Obrigado pelo aparte.
O
SR. CLÁUDIO SEBELO: Inclusive a alegação no Gabinete do
Prefeito, por exemplo, de que a Secretaria de Turismo teria incorporado a verba
do Gabinete do Prefeito, ela não é verdadeira porque a Secretaria de Turismo
não existe, está em extinção, e a essa extinção correspondeu uma rubrica com
uma quantidade muito menor, insignificante, perto dos 54% de despesas
correntes, que foram aumentadas no Gabinete do Sr. Prefeito.
Então, nós estamos extremamente
preocupados com essa questão orçamentária. Não queremos que o futuro Prefeito,
José Fogaça, encontre, na cidade de Porto Alegre, aquilo que o Governador
Rigotto encontrou no Governo do Estado do Rio Grande do Sul: o caos completo
administrativo e financeiro de um Estado inteiro, que entrou em estagnação
completa. E por isso muitas pessoas públicas neste Rio Grande do Sul tiveram
seus nomes riscados do mapa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Registro a presença do
Sr. Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto
Alegre. Convido-o a fazer parte da Mesa, pois deseja fazer um convite aos Srs.
Vereadores, bem como entregar um livro do Conselho. Peço a V. Exª que venha à
Mesa e faça o convite.
O Sr. Geraldo Stédile está com a palavra.
O
SR. GERALDO STÉDILE: Meus queridos Vereadores, meu querido
Presidente, meu querido fundador do Conselho de Cidadãos Honorários, Ver. Luiz
Braz, é uma alegria imensa estar aqui trazendo para vocês o segundo livro que o
Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre elaborou. Há coisas
interessantes aqui, muito interessantes. Inclusive uma que eu aprendi, que a
Câmara uma vez chegou a derrubar o Governo do Estado - vocês vão encontrar isso
aqui. Lembra-se, Ver. Dib, desse fato? Vocês vão saber.
Eu sei que o Presidente está-me dando,
por gentileza, este momento, serei breve. Nós estamos aqui reunidos,
representando mais ou menos quatrocentos Cidadãos Honorários de Porto Alegre,
dentre os quais elementos de alto quilate, de alto valor, de alto coturno -
como diria o Coronel Irani -, pessoas formidáveis. Temos a alegria de
apresentar a V. Exas este livro que quer estabelecer um elo entre
todos os concidadãos. Eu fico feliz quando vejo que a todo o momento há gente
telefonando e pedindo o livro. Temos a alegria de oferecer um livro que, eu
tenho certeza, vocês vão apreciar. Quero agradecer a colaboração, a simpatia, a
tolerância que os Vereadores têm tido conosco; sempre somos acolhidos com
apreço. Procuramos representar muito bem esta Instituição e fazer o melhor
possível.
Ver. Elói, meu querido Presidente,
trouxemos alguns livros para os Vereadores. Aqueles que não o receberem hoje
poderão nos solicitar os exemplares. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Saudamos o Presidente
do Conselho de Cidadãos Honorários, Dr. Geraldo Stédile, e aproveitamos para
cumprimentá-lo pelo fecundo e brilhante trabalho que realiza à frente do
Conselho, que, de certa forma, é uma instância já institucionalizada na Câmara
Municipal de Porto Alegre. Portanto, receba, ilustre Presidente, o nosso
reconhecimento e a saudação da Casa pelo trabalho que V. Exª exerce à frente de
tão importante Conselho, que, como tenho dito nas solenidades, se trata
inquestionavelmente do Conselho mais importante que a cidade de Porto Alegre
possui, até pela sua representatividade.
O
SR. GERALDO STÉDILE: Eu quero agradecer as referências do Ver.
Elói, que tem sido sempre afável, sempre estimulando esse trabalho. Quero
convidar a todos para, no dia 1º de novembro, segunda-feira, às 19h, no
Memorial do Rio Grande do Sul, antigo Correio, comparecerem para o lançamento
do livro na Feira. Muito obrigado, Ver. Elói Guimarães, por este momento.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu
amigo Geraldo Stédile, é um prazer estar com você aqui neste plenário, que
conhece tão bem.
Senhoras e senhores, na Pauta Especial
quero chamar a atenção dos Srs. Vereadores para o fato de que, no final da
apresentação do Orçamento, o Prefeito João Verle comete, eu acredito, uma das
maiores indelicadezas para com esta Casa. Ele fala de algo, Ver. Guilherme
Barbosa, que devemos procurar, de alguma forma, corrigir: o Prefeito da Cidade
chama o Orçamento Participativo de legítimo representante da sociedade, do
povo. Não é. Esta Casa não teria função se os legítimos representantes fossem
aqueles lá, que vão aleatoriamente, que são levados de ônibus, que, de repente,
vão das mais diversas formas... Se esses são os legítimos representantes...
Olha, eu acho que isso é na União Soviética, em algum lugar por aí pode ser que
se represente sociedade assim; agora, aqui no nosso País, aqui no Brasil,
representante legal da sociedade é aquele que é eleito pela sociedade para
representá-la. Fora disso, ele não é representante legal; ele pode ser
representante de uma comunidade, mas assim mesmo tem de ser eleito. Para ser
presidente da associação comunitária, tem de ser eleito; esses que não são
eleitos para nada e que são conduzidos de ônibus, muitas vezes, para ir para as
reuniões não podem ser chamados de representantes legais! Então, é um equívoco
que, infelizmente, constando neste caderno (Mostra o documento.), fere realmente
os brios desta Casa.
Em segundo lugar, eu ouvi todos os
pronunciamentos e ouvi o pronunciamento do Ver. Adeli Sell dizendo que os
Vereadores deveriam, agora, se preocupar mais com as Receitas e não com as
Despesas, porque, afinal de contas, as Despesas devem ser coisas a serem
votadas pelos diversos segmentos sociais. Despesa é com o Orçamento
Participativo; Receita é aqui com os Vereadores. Ora, isso é uma bobagem!
Infelizmente, pois eu admiro muito o Ver. Adeli Sell, mas querer defender o
Orçamento Participativo é uma bobagem, quando faz essa afirmação. Imaginem o
perigo disso!
Eu vou mostrar aqui, agora, um crime
eleitoral que está passando em brancas nuvens. Nós estamos a quatro dias das
eleições. Nunca, nos jornais da Cidade, nós tivemos uma publicação legal deste
tamanho aqui. (Mostra o jornal.) É uma página inteira para dizer que o
seguinte: “Concorrência Pública - Edital: Ruas que vão ser calçadas com
dinheiro que deve vir por intermédio de empréstimo do BID” Uma relação completa
de ruas, a quatro dias das eleições! Publica-se numa página inteira de jornal!
Isso sempre é publicado num canto da página do jornal; até porque uma página do
jornal Zero Hora custa muito caro! É dinheiro suficiente para quase asfaltar
uma rua toda, porque uma publicação dessas é muito cara! Imaginem, não está só
neste jornal, está em outros jornais da Cidade também. Ver. Pedro Américo Leal,
esse dinheiro, praticamente, cobriria o custo para asfaltar determinadas ruas,
e está aqui! Este Edital é um chamado, exatamente, dizendo quais as ruas que
irão ser asfaltadas - apresenta aqui umas 20 ruas - por todas as regiões da
Cidade.
Eu só posso reputar isto aqui a um crime
eleitoral, a um crime hediondo, a uma tentativa de virar essas eleições, que eu
acredito que não poderia estar acontecendo sem a manifestação da Justiça
Eleitoral! E é uma Justiça que eu prezo, com quem tenho bom relacionamento, fui
duas vezes Presidente desta Casa, sempre tive uma boa relação com a Justiça
Eleitoral. Mas eu pergunto: onde está o Ministério Público? Onde está a Justiça
Eleitoral, que não viu que aqui está sendo cometido um crime eleitoral?! Isto é
gasto de Orçamento, Ver. Guilherme Barbosa. Eu estou falando isto aqui, porque
isto é gasto com Orçamento! Quando nós falamos que é a Câmara que deve realmente
tomar cuidado, quando dá aquela suplementação automática, Ver. Cláudio
Sebenelo, que nós sempre votamos aqui um percentual sempre muito elevado, esta
Casa sempre colocou em um patamar próximo de 5% a possibilidade de suplementar
automaticamente... Sabe para o que é? É para eles fazerem um anúncio deste
tamanho aqui, quando quiserem. (Mostra o jornal Zero Hora.)
É empréstimo internacional, e olha como
tem que ver com o Orçamento do ano que vem, Ver. Guilherme Barbosa, imagine V.
Exª. Está sendo dito aqui (Lê.): “Os recursos referentes a essa licitação
correrão por conta do aporte legal. Os documentos...”. Mais adiante: “Essa
licitação é regida por procedimentos do BID, e, no que não dispuser
contrariamente à Lei Federal e suas alterações posteriores, referentes gerais,
os documentos devem ser entregues no mês de novembro”. Imaginem só, como os
documentos vão ser entregues no mês de novembro, e nós sabemos de todas as
dificuldades que existem para se votar uma licitação deste tamanho aqui, o que
acontece é que nós estamos falando em gastos que estarão, na verdade,
enquadrados para o Orçamento de 2005, nós vamos estar gastando esse dinheiro
aqui em 2005! Como os empréstimos são internacionais e como empréstimo
internacional obedece a uma regra específica e tem um prazo de carência para se
começar a pagá-lo - e V. Exª sabe disso, Ver. Guilherme Barbosa, bem como os
Vereadores desta Casa -, então, nós sabemos que nós estamos falando do
Orçamento de 2005, quatro dias antes das eleições! Quatro dias antes das
eleições, há uma página de propaganda do PT dizendo as ruas que vão ser
asfaltadas!
Vereadores Pedro Américo Leal e Guilherme
Barbosa, aqui há uma tentativa de se dizer o seguinte: “Os senhores que moram
nessas ruas” - e eu ouvi isso muitas vezes, porque isso faz parte de uma
chantagem eleitoral que sempre foi feita pelo Partido que está no poder - “se
não nos ajudarem a ganhar a eleição, nós não poderemos fazer esses
investimentos, nós cortaremos esses investimentos!” Esse tipo de política é
feito aqui há muito tempo! Essa chantagem eleitoral é feita, neste Município,
há muitos anos! Eles utilizam essas mentiras, esse maquiavelismo! Isso é uma
ameaça velada! E nós devemos chamar o Ministério Público para que, por favor,
intervenha nesse assunto! Nós acreditamos muito no Ministério Público,
acreditamos muito na Justiça Eleitoral, mas, por favor, não permitam, mais uma
vez, essa chantagem! A quatro dias das eleições é chantagem! Não há outro nome:
é chantagem eleitoral! E, infelizmente, isso está passando em brancas nuvens.
Isso passa dos limites, Ver. Pedro Américo Leal! O que nós estamos vendo
acontecer nos últimos dias em Porto Alegre, essa violência que nós estamos
vendo aqui, por algumas pessoas que vestem vermelho, passa dos limites!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
estamos discutindo, na Pauta Especial, a Lei de Meios, as Diretrizes Orçamentárias,
que foram encaminhadas para a Casa, hábil e tempestivamente, pelo Sr. Prefeito
Municipal, que fez questão de assinalar, ao finalizar a Exposição de Motivos,
Ver. Luiz Braz (Lê.): “Em derradeiro, comunico a V. Exª” - o Presidente da Casa
- “que este Projeto de Lei foi elaborado em estrita consonância com os
mandamentos constitucionais, com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e com o
Plano Plurianual, e os recursos foram consignados de conformidade com as
prioridades elencadas pelo Orçamento Participativo. Na certeza de ter elaborado
este Projeto de Lei Orçamentária no estrito cumprimento dos preceitos
constitucionais e legais e com visão nas necessidades mais prementes da
população, expressas por seus legítimos representantes em discussão pública, tenho
a certeza de que a proposta, ora encaminhada, será apreciada com extrema
atenção, zelo e espírito público, que são tradição dessa Egrégia Casa
Legislativa.”
Quero dizer, em homenagem ao Prefeito
João Verle, que eu concordo inteiramente com o final da sua assertiva de que
aqui nesta Casa sempre existe atenção, zelo e espírito público como apanágios
que mantêm a nossa tradição de responsabilidade com a coisa pública, mas que
divirjo por inteiro da premissa anterior, em que são legitimados os
conselheiros do Orçamento Participativo em detrimento dos portadores de
mandatos populares mais legítimos do que se possa entender que o sejam, eis que
são frutos de uma vontade universal da população, expressa nas eleições gerais,
como foi o caso há 30 dias. Ninguém está aqui na Câmara Municipal por vontade
de um único Partido Político; isto é uma Casa plural por excelência. Se hoje
estão predominando neste plenário pessoas que divergem do atual Governo, é por
razões que não nos cabem explicar, que, por uma estratégia, o Governo está aqui
muito bem representado por esta figura solitária do Ver. Guilherme Barbosa, que
é um belo representante do Governo e que tem estado aqui presente todos os
dias, mantendo a posição governamental, mas a legitimidade é do conjunto, não é
específica de quem quer que seja.
Quem tem essa visão, ao propor uma Peça
Orçamentária, uma Lei de Meios, já começa com uma visão destorcida do processo.
Se ele entende que a legitimidade está com os conselheiros do Orçamento
Participativo, eu não sei o que ele espera que nós façamos aqui, a não ser
homologar as decisões que eles já tomaram. Aí é que está o engano, o Orçamento,
Ver. Dib - V. Exª sabe disso pela prática de vida -, não é um fato que se dê
apenas num determinado momento, há vários momentos: tem a sua fase de
elaboração, tem a sua fase de deliberação, tem a sua fase de execução e tem a
sua fase de fiscalização. E, sobre a deliberação, quer queira ou não o Prefeito
da Cidade, a Constituição Federal - e ele diz que age de acordo com os
preceitos normativos contidos na Legislação Brasileira -, a Lei Maior do Brasil
dá ao Parlamento, como é óbvio, o poder de decidir sobre a Peça Orçamentária,
claro que dentro de regra, claro que dentro de parâmetros estabelecidos na Lei
de Diretrizes Orçamentárias, no Plano Plurianual e até mesmo na Lei de
Responsabilidade Fiscal, que limita essa nossa capacidade de dispor, dentro de
parâmetros previamente estabelecidos.
Quando eu vejo, Ver. Braz, essa
publicação a que V. Exª se referiu, vejo o total desprezo dessas disposições
legais, porque não se pode, a 60 dias do término de um período administrativo,
licitar obras que certamente não serão iniciadas no corrente ano, porque, mesmo
que a licitação transcorra na maior normalidade, não haverá condições de se dar
a ordem de início dessas obras antes do término deste mandato. Não se sabe nem
como serão empenhados esses recursos, porque o Município vive dizendo que não
tem recursos e, de repente, anuncia, na véspera da eleição, 5.836 metros de
pavimentação em Porto Alegre, que ele vem arrolando há cinco anos.
Então, não se sabe como é que vai
empenhar, não se sabe como é que vai fazer, só se sabe o seguinte: num
desrespeito à Lei, abre-se essa licitação, promove-se esse crime eleitoral e
compromete-se todo o exame da Peça Orçamentária, Ver. Barbosa, porque, com toda
a certeza, o mínimo que pode acontecer é esses recursos das obras que não serão
feitas este ano ficarem empenhados como restos a pagar, senão, serão todas
jogadas no Orçamento de 2005, que estará, dessa forma, satisfazendo demandas do
Orçamento Participativo de 2001.
O
Sr. Guilherme Barbosa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Pujol, a legislação é bem clara. Mesmo no último ano de um
determinado Governo, se há garantia de recursos, em qualquer momento as obras
podem ser licitadas e podem ser iniciadas. Só há a obrigação de terminá-las
quando o recurso é daquele período. Como é uma obra financiada pelo BID - como
está dito aí no Edital -, e, portanto, o recurso está garantido, mesmo que se desdobre
para o ano de 2005, não há nenhum impedimento legal; exatamente por isso que
está feito. O trabalho em cima da aprovação desse Edital é antigo e é
exatamente - se V. Exª puder consultar e deve ter guardado em seus arquivos -
igual a vários que se fizeram, em ano eleitoral ou não, em período eleitoral ou
não. É um destaque que se faz. E o atraso, encerrando meu aparte, com certeza é
porque tínhamos impedimentos de ordem legal com a área de irregularidade e
assim por diante. Vejam que já há obras de 2003 e já se trabalha nos projetos
de 2004. Muito obrigado pela sua gentileza.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exª, e é realmente um
aparte inteligente, próprio de um Parlamentar inteligente, mas que não desfaz o
nó ao qual estamos inevitavelmente envolvidos em face dessa publicação, porque
não são sobre os recursos exclusivos do BID que estamos falando, aqui se fala
em dotações orçamentárias. Basta V. Exª ler (Lê.): “...através das Dotações
Orçamentárias nº 1402, 1024- 4490.51 PMPA”. Eu pego o raciocínio do Ver. Braz
sobre tema semelhante. Se esse recurso e essa dotação orçamentária existiam,
permitindo esse fato, é um crime contra Cidade - é pior do que um crime
eleitoral - dispor de recurso, dispor da dotação orçamentária e deixar para
abrir essa licitação agora no final do mês de outubro. Aí é mais grave! É mais
grave, sim, senhor!
(Aparte anti-regimental do Ver. Guilherme
Barbosa.)
O
SR. REGINALDO PUJOL: O financiamento é de 90%. E, aí,
aumenta-se a polêmica. Nós sabemos como ocorre a execução de obras com recursos
externos. Entre a abertura da concorrência, o recebimento das propostas e o
início efetivo da execução, decorre muito tempo. V. Exª é treinado nisso; V.
Exª comenta um processo que está há quatro anos atrasado, que é o processo da
3ª Perimetral, que tinha de ser concluído em quatro anos, está em oito e ainda
não foi concluído. Porque V. Exª sabe que, para desviar aquele viaduto que o
senhor desviou, mudar o projeto, aquele que se alterou, o viaduto da Av. Nilo
Peçanha... Ao modificar o projeto - fica bem claro que V. Exª não desviou nada
-, V. Exª atrasou 18 meses a obra, modificando o projeto, que já estava
contratado pelo seu antecessor, o hoje Deputado Estilac Xavier, porque V. Exª
tinha medo que, com o projeto anterior, os carros voassem e caíssem sobre o
pedestre lá embaixo. Isso foi dito aqui, V. Exª trouxe essa informação quando
do seu esclarecimento. Mas que isso implicou 18 meses de atraso, implicou!
Depois, foi buscada a recuperação com a contratação de uma segunda empreiteira,
com todo aquele processo que se desenvolveu.
O que importa, Vereador, sobre o tema, é
o seguinte: fica difícil analisar-se uma proposta de Orçamento elaborado por um
Governo que tem uma visão distorcida do processo, que entende que os legítimos
representantes do povo de Porto Alegre são os conselheiros do Orçamento
Participativo e que procede da forma como procedeu o Governo do Sr. João Verle,
abrindo essa licitação três dias antes da eleição, confessando que deve para o
Orçamento Participativo obras do ano de 2001, que, na melhor das hipóteses, se
tudo correr bem, serão iniciadas no ano de 2005. Fica muito difícil elaborar
uma Peça Orçamentária feita com base em conceitos tão equivocados como aquele
que lamentavelmente o titular do Executivo Municipal é possuidor neste momento.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães;
colegas Vereadores e colegas Vereadoras, Ver. Ervino, eu acho que a Frente
Popular está vivenciando o jus
esperniandi (sic).
Por estas e outras coisas, a vida pública
vai sendo desacreditada: ontem, dois Ministros de Estado estiveram aqui em
Porto Alegre e fizeram a inauguração virtual do hospital da Restinga. Levaram
200 pessoas, não sei se de Porto Alegre, da Grande Porto Alegre ou de outros
Estados, o certo é que havia 200 “sacudidores de bandeira” lá. E anunciam isso
naquela comunidade sofrida, que, infelizmente, não tem tido um atendimento
mínimo de saúde. Quando faltam três dias para as eleições, vai-se lá, chama-se
a Direção do Hospital Moinhos de Vento, os dois Ministros de Estado, o Sr.
Prefeito e dê-lhe discurso, dê-lhe discurso e lança-se para toda a comunidade o
hospital na Restinga. E aí se vai colocando: já funcionando... E agora a
maioria das questões, inclusive para 2006, 2005: implantação de dezesseis
equipes de Programa de Saúde da Família e de oito equipes de Saúde Bucal em
2006. E assim vai indo...
Ver. Luiz Braz, isso aqui tem nome, sim,
tem tipificação: é o uso da máquina pública para fins eleitorais. Aliás, essa
mistura, a qual a República Velha talvez não tenha assistido, nós estamos vendo
em Brasília, e, conseqüentemente, acontece aqui neste Município: misturar a
coisa pública com Partido político. Isso é muito grave! A Administração, Sr.
Presidente, é transitória; o Poder Público é permanente; a coisa pública é
coisa pública.
Eu queria que os senhores fossem lá na
Pitinga, por exemplo, em que nem sequer passou pelo OP o asfaltamento da Rua D
e da Rua E. E lá estão os caminhões passando piche nesta semana - é só ir lá
para ver! Eu fui lá e vi!
Não é sério tratar a coisa pública desse
jeito, não é sério! A eleição é um episódio da vida política, a política não
começa nem termina com a eleição; a política passa também pelo processo
eleitoral. Se em 16 anos não fizeram, agora vão fazer? Quando faltam dois dias?
Será que o povo vai acreditar nisso? Meia página, uma página inteira no jornal
Zero Hora (Mostra o jornal.), em letras grandes - um Edital dizendo que vão
pavimentar ruas. Mas me respeite, respeitem, por favor! Será que não podiam
publicar isso na segunda-feira? Tinha de ser hoje? Nem tudo que é legal é
ético, nem tudo que é ético é legal, vamos separar isso, vamos separar isso com
muita tranqüilidade.
Eu não estou discutindo aqui no campo da
legalidade, eu estou discutindo no campo da ética, da condição da coisa
pública! Não é ético fazer o lançamento de um hospital virtual, para uma
comunidade que há 16 anos aguarda um tratamento digno de saúde. Quando faltam
três dias, eu levo dois Ministros de Estado para dizer que vou fazer o hospital
com a entidade privada? E aí eu lanço o Edital quando faltam três dias, como
mostram as manchetes? Eu quero dizer que, por essas e por outras razões, é que
a cotação da vida pública, dos homens públicos, está cada vez mais tendo menos
aprovação, porque são medidas muito oportunistas, eleitoreiras. Eu quero dizer
que outros, em determinado momento, também já fizeram isso. Isso denigre,
indiscutivelmente, o exercício da vida pública. E eu diria, finalizando, que,
para nós, isso aqui tem um nome, é jus
esperniandi (sic), ou seja, utiliza-se de qualquer meio, qualquer
instrumento, para justificarem os seus fins, usando a máquina pública para fins
eleitorais. Eu acho que isso não está correto e eu não poderia deixar de
registrar a nossa posição de indignação em relação a isso. Queremos saúde, sim!
Queremos o asfaltamento das ruas, sim! Mas não dessa forma, quando faltam três
dias para as eleições, jogando dessa maneira, de forma, eu diria,
irresponsável. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Guilherme
Barbosa está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães;
colegas Vereadores, demais pessoas que nos acompanham, esta tribuna, como se
viu, virou tribuna de campanha eleitoral. É um risco de quem está dirigindo a
Sessão, que é quem vai responsabilizar-se por isso, os dois Vereadores que
dirigiram esta Sessão. Aproveitando, então, esta possibilidade, venho aqui dar
a nossa opinião sobre o tema.
Eu acho que aqueles que acham que já
venceram a eleição é bom esperarem um pouco, porque a surpresa pode ser grande,
pois os últimos fatos mostram uma modificação muito grande no processo que
estamos vivendo. Se não fosse assim, eu não sei por que toda essa exasperação.
Aí, sim, eu digo, esse jus esperniandi (sic).
Esse Edital lançado hoje é igual ao que
nós fazemos há muitos anos. Quando um pacote de ruas resulta aprovado pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento - que é o agente financeiro que aprova
inicialmente o projeto, depois aprova o Edital -, o Edital é lançado com esse
mesmo conteúdo, com a relação das ruas. Portanto, não há nenhuma novidade. E eu
não sei por que tanta raiva com relação a isso. O Ver. Luiz Braz, que cometeu a
indelicadeza de não me dar aparte, diz que é chantagem, eu não sei por quê?! O
candidato de V. Exª está dizendo que vai continuar o processo! Então, nós nem
teríamos mais argumento a creditar na afirmação do seu candidato. Assim sendo,
como eu disse, é absolutamente legal do ponto de vista de que, se há recursos
garantidos para a implementação da obra, pode ser feito o Edital, pode ser contratada
a obra, mesmo que ela transborde para o ano seguinte. V. Exª devia saber. Como
o seu candidato está dizendo que vai continuar o processo, está garantido! Seja
com a nossa Administração, seja com a sua Administração.
Foi dito aqui também que, na Pitinga, se
está fazendo asfaltamento. V. Exª devia saber que é outro tipo de trabalho que
está sendo feito. Há uma obra que é feita com rede de drenagem, com base
espessa de brita, camada espessa de asfalto; esta, sim, tem de passar pelo
processo do Orçamento Participativo. O que se está fazendo, que nós fazemos
sempre, é um outro trabalho com asfalto, que nós chamamos de conservação
permanente, sem base preparada, apenas a regularização da rua, sem drenagem,
sem meio-fio. Isso sempre se faz, é um processo muito mais simples, logo, fora
do processo do Orçamento Participativo, Ver. Sebastião Melo. Por conseguinte, é
um argumento também que cai por terra.
Depois, sobre a questão do hospital:
vejam os senhores se um grupo do porte do Grupo Hospitalar Moinhos de Vento,
que politicamente não tem nenhuma relação conosco, é um dos Grupos mais
importantes da Saúde da nossa Capital e, quem sabe, do Estado, prestar-se-ia a
um encaminhamento eleitoreiro de ir à Restinga, junto com os Ministros, para
enganar a população da Restinga, se esse encaminhamento não tivesse
absolutamente confirmado, encaminhado pelo Grupo Hospitalar Moinhos de Vento.
Quer dizer, é fazer pouco da capacidade de análise das pessoas. Depois, preciso
dizer que os Ministros vieram aqui por um processo que já havia também. E
esqueceram de dizer que o Ministro Olívio Dutra esteve com o Governador Germano
Rigotto encaminhando processos de construção de habitação popular, ou não é
verdade? Então, o Ministro Olívio Dutra veio também fazer um proselitismo eleitoral
com o Governador Germano Rigotto, nosso adversário neste momento. Olha, vamos
“devagar com o andor”.
Repito, já que a porta foi aberta: na
verdade, eu estou lendo essa exasperação da nossa oposição como uma preocupação
muito grande com o domingo, dia 31, porque, no começo do ano, a eleição era
certíssima, depois virou e já não era bem assim, virando o segundo turno com
vantagem folgada. Agora, há toda essa chiadeira, porque a vantagem de fato
desapareceu. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrada a Pauta
Especial.
O
SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Solicito verificação
de quórum.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Solicito abertura do painel para os fins
colimados no Requerimento. (Pausa.) Há onze Vereadores presentes, há quórum.
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
2.ª
SESSÃO
PROC.
N.º 3323/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 142/04, de autoria
da Comissão de Saúde e Meio Ambiente - COSMAM, que institui o Dia Municipal de
Prevenção e Combate ao Câncer de Colo do Útero, a ser comemorado, anualmente,
no dia 25 de autubro.
PROC.
N.º 4073/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 180/04, de autoria
do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Arthur de Lima Bottona um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC.
N.º 4100/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 181/04, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Jayme
Cyrino Machado de Oliveira um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro
Rubem Berta.
PROC.
N.º 4805/04 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 015/04, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que viabiliza a
regularização de atividades existentes na Estrada Jorge Pereira Nunes, mediante
o ajuste do Modelo Espacial, Anexo 1, da Lei Complementar n.° 434, de 1° de
dezembro de 1999, e alterações posteriores (PDDUA).
3.ª
SESSÃO
PROC.
N.º 4752/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 046/04, que desafeta do uso de bem comum do povo a passagem de
pedestres número 02, do Loteamento Três Figueiras e autoriza a alienação da
referida área aos lindeiros e dá outras providências.
PROC.
N.º 4740/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 199/04, de autoria
do Ver. Nereu D’Ávila, que denomina Rua Sergio Stimamilio um logradouro
não-cadastrado, conhecido como Beco Um, localizado próximo do n. 2605 da
Avenida Edgar Pires de Castro.
PROC.
N.º 4829/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 202/04, de autoria
do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua José da Silva um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Passo da Areia.
PROC. N.º 4836/04 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 004/04, que autoriza o Município a
re-ratificar as doações de áreas ao Sport Club Internacional, realizada pela
Lei n.º 1.651/56, com redação alterada pela Lei nº 3.225/68 e pela Lei n.º
3.921/74.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, honrado
Vereador da Bancada do Partido dos Trabalhadores que está sozinho,
representando os dez Vereadores. Tem feito um esforço extraordinário o Ver.
Guilherme Barbosa. São dez, ele está valendo por dez Vereadores! Meus
cumprimentos, Ver. Barbosa!
Agora, parece que a Câmara não está muito
preocupada com as suas responsabilidades de legislar, sim, de votar o
Orçamento, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e fiscalizar com eficiência o
Executivo Municipal. Nós continuamos tendo Projetos de Vereadores e também do
Executivo na Pauta. Hoje é dia 27 de outubro, e nós não vencemos a Pauta
Especial, que deveria ter sido já apreciada para que a Comissão de Finanças
pudesse fazer o relatório à altura das necessidades de Porto Alegre, para que a
população pudesse apresentar as suas Emendas e também os Srs. Vereadores pudessem
apresentar as suas Emendas. A Comissão de Finanças, por unanimidade, entendeu
que vai manter os prazos. E foi por unanimidade, nós vamos manter os prazos
para apresentação de Emendas porque temos nos reunido lá na Comissão.
Como eu disse, hoje temos oito novos
Projetos que não serão votados, que não serão examinados, porque aqui, na Ordem
do Dia, temos 115 Projetos para serem votados. Alguns de 1999, 2000, 2001, 2002
e até de 2004. Mas isso não é nada ainda! Em relação ao primeiro Projeto a ser
votado, na forma da Lei Orgânica, esta Câmara estará parada enquanto ele não
for votado, e parece que nós não temos pressa de votar. Hoje é quarta-feira, e
esse dia foi escolhido pelas Lideranças como o dia de fazer votações, e o
primeiro Projeto a ser votado, na Ordem do Dia, é um Veto Parcial ao Projeto de
Lei do Executivo, cujo prazo final se encerrou no dia 23 de outubro. Portanto,
enquanto não for votado esse Projeto, “cessa tudo quando a antiga musa canta”,
e nós não votamos mais nada.
Mas é claro que no mês que vem... Neste
mês não vamos votar mesmo, eu virei aqui, alguns Vereadores virão aqui amanhã,
segunda-feira já é feriado, terça-feira não há Sessão, quarta-feira haverá
Sessão Ordinária. Daqui a uma semana, alguns Vereadores estarão aqui para comentar
a vitória do candidato e, provavelmente, entrar na Ordem do Dia.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, parece
que há uma preocupação muito grande de fazer a verificação de quórum. O meu
amigo solicitante da verificação de quórum, quando viu que eu comecei a falar,
voltou para o Plenário. Agora, não está mais no Plenário. Eu pensei que ele
tinha chegado, mas não chegou, não; só a assessoria do Partido continua ali,
firme, no local, mas a Bancada, não. Parece que nós não temos a
responsabilidade. Alguns foram reeleitos, outros não, mas, reeleitos ou não,
nós temos mandato até 31 de dezembro e deveríamos estar aqui discutindo a
Pauta, para que pudéssemos entrar na Ordem do Dia e votar, pelo menos, alguns
dos 115 Projetos que estão na Ordem do Dia. Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está
com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) O Ver. João Carlos Nedel está com
a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir a Pauta.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Foi o dia, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em que os colorados desta Cidade e deste Estado ficaram
profundamente horrorizados. Não tenho nenhuma intenção de “tocar qualquer tipo
de flauta” com relação à dor dos coirmãos da Azenha, da Carlos Barbosa.
Refiro-me ao ataque de surpresa, sem avisar ninguém da Cidade, repentino, de
retroescavadeiras e motoniveladoras rumo ao Parque Náutico do Sport Club
Internacional. Naquela manhã, a Cidade parou, e as rádios interromperam as suas
programações, foram feitas entrevistas diretamente do local, Ver. Isaac
Ainhorn. E nós fomos defender o patrimônio de um clube que estava sendo atacado
por quem? Pela Secretaria Municipal de Obras e Viação e pelo seu Secretário.
Passamos o dia inteiro na defesa de um
patrimônio que é privativo de uma metade do Rio Grande. À noite, fomos para as
televisões enfrentar a máquina do Governo Municipal, e o Secretário de Obras e
Viação... Desgraçadamente, neste momento, não há nenhum Vereador do Partido dos
Trabalhadores aqui, porque eles estão em campanha eleitoral, evidentemente.
Naquele dia, contra tudo e contra todos, conseguimos interromper aquela
agressão, aquela truculência, aquela barbaridade que foi feita contra o Sport
Club Internacional, por parte desta atual Administração do Partido dos
Trabalhadores. E, no mesmo dia, o Prefeito e o Secretário de Obras e Viação
disputavam, inclusive, o mando da agressão. Um dizia: “Fui eu que fiz”; o outro
dizia: “Não, fui eu que mandei fazer”.
Depois de todas as instâncias judiciais
ganhas integralmente pelo Sport Club Internacional, a área foi devolvida. E
esta Administração atual, obrigada pela Justiça a acertar as dimensões e
reintegrar o Parque Náutico na sua integralidade, na sua totalidade, ao Sport Club
Internacional, meu caro Vereador, anuncia um Projeto de Lei Complementar do
Executivo que autoriza o Município a rerratificar as doações de áreas ao Sport
Club Internacional. Essas doações eram feitas, inicialmente, pelo Departamento
Nacional de Obras e Saneamento e, posteriormente, pela Receita Federal, na sua
Seção de áreas públicas marinhas, e o Internacional fazia parte dessas doações.
Feita a doação, escriturado, não comportava, em hipótese nenhuma, a invasão
covarde e truculenta que foi feita no Parque Náutico do Sport Club
Internacional.
E isso hoje é, indiscutivelmente, sobre
esse processo de rerratificação das doações feitas, uma forma de,
juridicamente, pedir desculpas a um Clube que, no dia do seu 95º aniversário,
festejado aqui nesta Casa, o seu Presidente encerrou o seu pronunciamento
dizendo, imitando Sepé Tiarajú: “Esta terra tem dono, por favor, não façam mais
isto”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srªs Vereadoras
e Srs. Vereadores, a emocionada manifestação do Ver. Sebenelo, falando sobre o
seu Internacional, de certa forma contrasta com o meu ânimo, com relação ao meu
glorioso Grêmio - hoje não tão glorioso. Mas não me afasta do propósito de
comentar esse Projeto de Lei de origem Executiva que entrou na Casa no dia 23
de setembro de 2004 e que, após os seus primeiros trâmites, chega até nós com
manifestação favorável de parte da douta Procuradoria-Geral da Casa. Mas, Sr.
Presidente, a análise jurídica peremptória não elimina, de modo algum, a
análise técnico-urbanística que o Processo merece ter.
Ver. Sebenelo, V. Exª que, além de
colorado, é morador das cercanias das Três Figueiras, sabe que nós estamos
sendo submetidos a uma série de projetos semelhantes que tem como objeto a
alienação das antigas passagens de pedestres previstas no Loteamento Três
Figueiras. Agora mesmo nós estamos diante da análise da conveniência da venda,
pela Administração, aos lindeiros, da passagem de número 2, que o Ver. Dib deve
conhecer muito bem, porque fica entre a Av. Dr. Nilo Peçanha, Av. Teixeira
Mendes, Rua José Antônio Aranha e Rua Desembargador Esperidião de Lima
Medeiros. Essa área forma um total de aproximadamente 240 metros quadrados, que
serão transferidos para os lindeiros na conformidade do processo legal que
prediz a matéria.
Diz o Projeto (Lê.): “Parágrafo único - O
imóvel acima descrito foi avaliado em dezembro de 2003 em R$ 42.429,60.”, “Art.
2º - Fica autorizado o Município a alienar o imóvel descrito no artigo anterior
aos lindeiros Vladimiro Kupac, uma parcela de 60 metros quadrados, e a José
Lorenzo Medero, uma parcela de 180 metros quadrados.” Ocorre que um dos
lindeiros desistiu, e o Sr. Vladimiro Kupac se interessou em substituí-lo na
preferência. (Lê.) “Art. 3º - As parcelas acima descritas foram avaliadas em
dezembro de 2003, sendo a de Vladimiro Kupac de R$ 10.607,40 e a de José
Lorenzo Medero de R$ 31.822,20.” É evidente que um terreno de 180 metros
quadrados no Loteamento Três Figueiras tem um valor muito alto se acoplado a
alguma outra área física, já que isoladamente ele não enseja nenhum tipo de
aproveitamento.
Então, quero demonstrar que não só estou
atento a esse Projeto, que haverá de chegar em breve à Comissão de Justiça,
quando vou me aprofundar mais ainda sobre ele, mas quero, mais do que isso,
acentuar o risco de que estejamos agora, de uma forma definitiva, consagrando e
definindo uma situação. Em verdade, quem ficar com os 80 metros para frente da
Av. Dr. Nilo Peçanha terá uma supervalorização no seu terreno, porque,
efetivamente, nós sabemos o quanto está valorizada aquela área e o quanto
representa esse acréscimo em termos de índice construtivo, mas há um interesse
claro do Município de não só transferir essa antiga passagem de pedestre, que
se mostrou ineficiente, como todas as outras previstas no Loteamento do Três
Figueiras. É uma idéia que não prosperou, que não vingou e que agora cabe
corrigir.
Eu não sei, sinceramente, se transferir
240 metros quadrados entre a Av. Dr. Nilo Peçanha - uma das ruas mais
valorizadas de Porto Alegre - e a Rua Desembargador Esperidião de Lima Medeiros
para terceiros por 40 mil reais representa um grande negócio para o que o Ver.
João Antonio Dib chama de imobiliária prefeitoral. Em verdade, Sr. Presidente,
essas são as situações que temos levado quando intentamos de fazer imaginárias
projeções urbanísticas que, na prática, se demonstram irreais.
Eu lamento que o Município não tenha
corrigido também lá na Vila Restinga, onde a previsão inicial de se deixar
áreas de reservas técnicas, pelo descaso, pelo descuido, pelo desleixo,
permitindo invasões... E as áreas, em vez de serem acopladas ao patrimônio
daqueles que adquiriram com todo o rigor, que pagaram suas prestações, que
honraram seus compromissos, estão hoje pendentes de decisões judiciais que se
alongam por muito tempo e que, certamente, tão cedo não serão objeto de
decisão.
Fica este alerta, porque, na verdade, ao
se fazer a análise dos projetos encaminhados à municipalidade, quando se trata
de parcelamento de solo, começam a ocorrer os sonhos, as imaginações de se
reproduzir, em Porto Alegre, situações urbanísticas já vivenciadas em outro
lugar. A prática tem demonstrado bem ao contrário. Ver. João Antonio Dib, estou
falando de uma área da qual o senhor foi vizinho há algum tempo, o senhor já
morou ali na Rua José Antônio Aranha, onde tive o prazer de visitá-lo, V. Exª
sabe que estou falando daquela travessia de pedestres entre a Av. Dr. Nilo
Peçanha e a Rua Desembargador Esperidião de Lima Medeiros, exatamente entre a
Rua José Antônio Aranha e a Av. Teixeira Mendes, a área mais bem valorizada de
todo o já valorizado Loteamento Três Figueiras.
Por isso, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu deixo este alerta para procedimentos futuros, dizendo que o
Parecer prévio da Procuradoria nos leva a ter uma posição de relativa
tranqüilidade com relação à legalidade, eu não diria relativa, de plena
tranqüilidade quanto à legalidade, mas que nos permite algumas indagações a
respeito do mérito e da conveniência da realização dessa transação. Era isso,
Sr. Presidente. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Não há mais oradores
inscritos para discutir a Pauta.
Solicito a abertura do painel eletrônico
para verificação de quórum, a fim de ingressarmos na Ordem do Dia. (Após a
apuração nominal.) Não há quórum para a Ordem do Dia.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Sr. Presidente,
solicito a verificação nominal de quórum.
O
SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, ao que
me consta, a verificação de quórum nesta Casa é pelo mecanismo eletrônico do
painel. Portanto, um Requerimento, neste momento, em que não há quórum para
funcionamento, seria afrontar o texto da Lei.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu entendo que cabe o
Requerimento em que se faz ad continuum
à chamada dos Srs. Vereadores à consignação de quórum.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Eu quero apresentar
uma pequena correção ao pronunciamento do Ver. Isaac Ainhorn, porque é uma
certa impropriedade quando diz que não há quórum para o funcionamento. Não,
para o funcionamento da Casa há quórum, há 11 Vereadores presentes; não há
quórum para o ingresso na Ordem do Dia.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, eu não estou entendendo
mais nada. Na realidade, pedi que fossem nominados os 11 Vereadores presentes e
estou estranhando que haja alguma dificuldade em fazer o que solicito, que haja
alguma restrição a minha solicitação, porque vejo a Srª Presidenta fazer isso
todos os dias, do início ao término da Sessão, e ninguém reclama. Será que foi
porque eu pedi?
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Aditarei o
entendimento deste Vereador usando o antecedente que a Casa tem. Estão
presentes os Vereadores Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal, Luiz Braz,
Reginaldo Pujol, Isaac Ainhorn, Ervino Besson, João Antonio Dib, Helena Bonumá,
Cassiá Carpes, Beto Moesch e este Vereador. Portanto, atendido o Requerimento
de autoria do Ver. João Antonio Dib, encerro a presente Sessão. Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h10min.)
*
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